A caminhada continua...

Em breve novo local e horario das reuniões, todos desde ja são bem vindos, aguardem...

O que é o Caminho?

O Caminho é mais que um lugar ou um clube de iluminados. Trata-se de um movimento de subversão do Reino de Deus na Terra. Clique aqui

domingo, 27 de fevereiro de 2011

“PEDRO, TU ME AMAS?”





Pedro havia negado Jesus três vezes...


No entanto, para Jesus, a questão daquela manhã de sol nascente das alturas na quieta praia de Tiberíades era apenas uma: “Tu me amas?”

Até na hora de lidar com a negação e com a traição, Jesus é completamente diferente de tudo e todos, e completamente coerente com Seu próprio Ser-Ensino.

O Verbo se fez carne, por isso o Ser-Ensino de Jesus são um.

O que diriam as nossas lógicas de amor?

“Se ele amasse, jamais teria feito o que fez”—e, assim, se atribui impecabilidade ao amor humano.

“Ama, mas não tem raízes em si mesmo”—diria a sofisticação psicológica.

“É egoísta demais para amar”—diria uma voz moral piedosa e certa.

“É cedo demais para perdoar você. O que fazes aqui entre os outros?”—diria o Mestre das Disciplinas.

“Nunca mais será a mesma coisa. Como poderei confiar em você outras vez?”—diria a razão mais humana e ressentida.

“Pode ser que ainda dê, um dia... quem sabe? Mas você terá que fazer um longo caminho de volta!”—diria um piedoso e quase esperançoso pastor de almas.

“Já que você insiste, verei do que você é feito. Colocarei um diretor espiritual para supervisionar você”—diria um ser crente na fabricação de caráter e de fidelidade.

“Sinto muito, Pedro, mas já não é possível. Você jogou fora a sua chance, embora eu o tenha advertido várias vezes”—diria a razão fria e justa.

“Você está perdoado, sem ressentimentos, vá em paz; pois não há mais clima para a gente prosseguir”—diria o melhor do homens.

“Logo você, em quem tanto confiei! Como pode fazer isso? Explique-me suas razões”—diria o bondoso justo.

“Meu Deus! E pensar que amei tanto você. Eu sou um santo idiota mesmo!”—diria um Deus com alma de esposa ou de marido.

No entanto, Jesus apenas pergunta: “Tu me amas?”

E com isso Ele admite que o amor peca, trai, nega, se engana, enfraquece, pode ser egoísta, é capaz do impensável, é passível de repetir o mesmo erro, não apenas três vezes, mas até setenta vezes sete.

Jesus não estava buscando perfeição, mas apenas um amor que pudesse ser aperfeiçoado no próprio amor... no Caminho.

“Tu me amas?”—pergunta Ele três vezes.

Ao que Pedro responde, dizendo, humilhadamente, um “sim” cheio de vergonha, e até se sentindo um sem caráter por ainda ter a coragem de confessar amor tendo negado.

Pedro diz “sim, sim, sim”... mas não o faz sem a angústia de quem não quer ser visto como cínico!

Pedro ama. Ama com amor que é dele, com o amor que lutava para ser amor no chão raso de sua alma. Mas era amor, e isso ele não podia negar. Ele admitia que negara Jesus, só não podia admitir que não amava Jesus.

Jesus sabe que às vezes se ama apesar de...

Jesus sabe que o único amor que ama sem nenhum apesar de... é o Seu próprio amor, de mais ninguém.

Jesus ama os nossos amores, apesar de... Pois Ele sabe que quem não ama apesar de... esse deve se oferecer para ser o Salvador dos homens.

“Tu me amas?”

Pedro não tem mais o que dizer. Provar amor? Meu Deus! Levaria o resto de sua vida, e teria que demonstrar isso não apenas com ações, nem com palavras apenas, e, se fosse o caso, deveria provar tal amor com dores de alma até a morte.

Pedro não tem meios de provar nada. Não tem o poder de reverter quadros e nem de apagar memórias. E também não suportaria ficar gemendo o resto da vida num canto de sua casa a fim de provar a Jesus que o amava apesar de...

Provar que se ama pode ser o inferno!

Pedro está perdido. Quem o ajudará? Quem testemunhará em seu favor? Quem terá garantias a oferecer em seu nome? Quem seria o fiador de seu fracassado amor?

A esperança de Pedro quanto a provar a Jesus que ele O amava era o próprio Jesus.

“Senhor, tu sabes todas as coisas... e se as sabes, certamente tu sabes que eu te amo!”

Assim, Pedro não tem argumentos, nem explicações, nem mesmo se oferece para padecer como prova eterna de seu amor ...no inferno do amor...

Pedro não quer o inferno do amor... ele quer ser salvo do inferno de sua alma pelo amor... e só Jesus poderia fazer isso, pois somente Jesus sabia o que existia no coração dele.

Assim, ele está tão certo de sua total incapacidade de vencer os fatos esmagadores com argumentos ou mesmo com penitências, que ele apenas recorre a uma certeza: Jesus conhece meu coração!

“Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que eu te amo!”

Chega uma hora quando todos os argumentos cessam, quando não há explicações a serem dadas, quando toda fala é cinismo, quando todo gesto parece compensatório e auto-justificatório, e quando toda e qualquer promessa de fidelidade e lealdade apenas cerram sobre a alma a porta da masmorra das infindáveis penitências.

Pedro amava, mas não queria que seu amor fosse sepultado vivo na morte!

A resposta de Jesus é de confiança!

Sim, Ele sabe que Pedro o ama apesar de Pedro, de seu egoísmo, de sua vacilação, de sua pusilanimidade, de seus ímpetos inconseqüentes, de suas coragens pouco resistentes, de seus vícios de fuga...

“Pastoreia as minhas ovelhas... os meus cordeirinhos... esse povo que me ama como tu... que ama e que trai... Tu, que agora sabes quem és, pastoreia nesse amor esses que são como tu mesmo”.

E conclui: “Agora, vem, e segue-me...”

Jesus não bota o amor de castigo, parado no ponto e na esquina da negação, frizado na vitrine do espetáculo da fraqueza, preso para sempre aos seus próprios pecados.

Jesus sabe que a cura para a traição e a fraqueza só acontece no caminho, enquanto se O segue, e no chão da vida, onde o amor terá a chance de ser amor, e não negação.

Trai-se na vida. Ama-se na Vida. Nega-se na vida. Se é curado na Vida. Somente na vida o que é, é; e pode se manifestar!

Sem que seja assim o que resta é deixar Pedro em Tiberíades para sempre, envolto nas malhas de suas angústias, pescando os peixes que fogem dele, existindo numa seqüência de dias que já lhe são o próprio inferno.
Nossa salvação é uma só: O Senhor sabe todas as coisas, e quem sabe que ama apesar de... não tem outra chance se não confiar no que Jesus sabe em nós e acerca de nós, pois se o que há em nós é verdade, Ele em nós aproveitará toda verdade de amor para o nosso próprio bem.

Confie. Ele conhece você!

Caio

sábado, 26 de fevereiro de 2011

VOCÊS ESTÃO LIMPOS!





Vós já estais limpos pela Palavra que vos tenho falado” — disse Jesus na noite em que foi abandonado, negado e traído pelos mesmos discípulos que o ouviram dizer isto.


Minha pergunta é: Como? Sim! Como? Limpos? De que modo?

Na mesma noite, quando Ele se aproximava dos pés de Pedro a fim de lavá-los, como já tinha feito a outros discípulos na mesma sala onde estavam reunidos, o amigo pescador Lhe disse: “Tu me lavas os pés a mim? De modo nenhum”.

A resposta de Jesus é outra vez chocante; chocante para quem pensa em impureza, santidade e limpeza com as categorias da perfeição, conforme a religião.

Isto porque esses aos quais Ele diz já estarem limpos, são os mesmos seres humanos cujas manifestações aparecem no Evangelho — gente simples, infantil, mantendo suas próprias disputas de terreno, e almejando proeminência; sem falar na capacidade de desejar fazer fogo do céu para consumir os diferentes, como foi o caso de João em relação aos samaritanos.

Se eu não lavar você, você não tem parte comigo” — disse o Senhor a Pedro.

Então, não somente os pés, mas também a cabeça...” — e tudo o mais...era o desejo dele.

Quem já se banhou não necessita lavar senão os pés” — foi a resposta.

Ora, se aplicarmos os critérios cristãos de santidade e limpeza, nenhuma dessas afirmações finais, consumadas, e definitivas de limpeza e pureza, poderiam ser imputadas a eles. E Pedro sabia disso. Por isto ele quis um banho total.

Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” — era o que Ele dizia.

Minha questão perdura: Como? Sim! Como?

Tal limpeza não era fato antes... e nem seria em algumas poucas horas... quando abandono, negação e traição aconteceriam. Apesar disto Ele os dá como limpos pela Palavra. E diz que no Caminho os irmãos lavam apenas os pés uns dos outros; limpando o pó do chão da jornada, e que se apega aos pés de qualquer um que Caminhe.

Assim, já estou limpo pela Palavra, não porque eu a encarne, mas porque ela se Encarnou toda em meu favor, em Jesus.

Eu creio, e nisto está a minha justiça!

Desse modo, sigo limpo; embora suje os pés na Caminhada.

Esse pó, todavia, não está em mim, mas apenas nos meus pés; tanto quanto não estava mais neles, mas apenas em seus pés...no prosseguimento da jornada.

É por isto que Ele declara limpos os que haveriam de se sujar em algumas horas.

O encantador é que continuaram limpos, mesmo tendo se sujado. E não há palavras no reencontro entre Ele e os sujos... Há, sim, Palavra; mas não há palavras... Há um olhar...há uma pergunta:Tu me amas? O resto é trabalho entre irmãos, lavando os pés uns dos outros; não como quem purifica pecados, mas como quem dá conforto, recebe em casa, e afirma o irmão como irmão, não importando a jornada...

Quem não traiu ou negou!... — fugiu, se escondeu, se omitiu, ou, simplesmente, assumiu a impotência contemplativa... Ou não quis ter que decidir...sem deixar de decidir...

Toda-via...

Entre os cristãos a “cena” de João 13 é vista como uma “lição de humildade”. É por isto que em certos ritos de culto há a cena do lava-pés...

Mas como é fácil lavar os pés dos nossos bispos e autoridades religiosas na hora em que o rito faz da cena uma obra de teatro, e com uma enorme audiência assistindo!

O difícil é lavar os pés em silêncio, sem cena, e sem ser como um rito litúrgico, mas como uma liturgia de vida e de existência...todos os dias.

É obvio que Jesus não está preocupado com os nossos pés, nem com a sujeira do chão do asfalto. O que Ele está ensinando como humildade é o serviço mútuo e constante que um irmão faz ao outro, não com água e tolhas; porém, como Ele o fez: nu, e baixado junto aos pés dos irmãos que se sujaram na jornada; visto que na Caminhada não há ninguém que não suje os pés.

Por isto, ninguém lavou os pés Dele; Ele, porém, lavou os pés de todos.

Vou andar com esta Palavra, forte, serena, consumada, e desafiadora.

Você já está limpo, Caio, pela Palavra que tenho falado a você!” — Ele me garante.

Eu creio Senhor!” — é o que respondo apenas porque creio.

Então, lave os pés aos seus irmãos!...” — Ele me incita outra vez.

Assim, noto que a questão de minha alma muda...

Pergunta: “E se não lavarem os meus pés quando eles se sujarem na Caminhada?”

Resposta: “Haverá sempre alguém para lavar os seus pés enquanto você, mesmo com os pés sujos da jornada, não deixar de lavar os pés dos irmãos”.

Então, peço perdão, pois me lembro que já estou limpo pela Palavra; e que a sujeira da jornada é apenas coisa entre os irmãos, pois, aos olhos Dele, estou limpo de antemão. E todo discípulo Dele também está!

Caio

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A ÁGUA DA ETERNA REALIDADE




A coisa maravilhosa da Água da Vida é que ela põe cada coisa do tamanho de cada coisa. Ela não é a Água da Magia. Ela não é alucinógena. Não é lisérgica. Ela é Água da Vida.

Portanto, quem a bebe continua tendo que ir ao poço de Jacó para pegar água (H2O) todos os dias. E tem que decidir se o “agora marido” é o marido ou não. No entanto, já não esperará do poço de Jacó nada mágico, nem esperará encontrar no peito de um homem, marido ou amante, o refúgio de Deus e a felicidade eterna.

Além disso, quem bebe da Água da Vida fica vendo montanhas apenas como montanhas, e vê a cidade de Jerusalém apenas como uma cidade.

Quem bebeu da Água da Vida já não ama mais pedras e nem se devota a elas. “Nem neste monte e nem em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Deus é espírito, e importa que Seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.

Quem bebeu da Água da Vida sabe que é de Deus que procede a Fonte da Vida, e que as demais necessidades desta existência são apenas o que cada coisa é, e não há mais ilusão acerca do que elas podem nos dar, ou do que delas se deve esperar.

A Água da Vida é a Água da Verdade e da Realidade. E ela carrega em si mesma o que é. Daí quem dela beber ter em si fontes que saltam para a vida eterna. E vai ao poço de Jacó pegar água com contentamento, e ama sem medo e sem engano.

Caio