A caminhada continua...

Em breve novo local e horario das reuniões, todos desde ja são bem vindos, aguardem...

O que é o Caminho?

O Caminho é mais que um lugar ou um clube de iluminados. Trata-se de um movimento de subversão do Reino de Deus na Terra. Clique aqui

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A DOCE REVOLUÇÃO DO EVANGELHO...


O REINO É SIMPLES!




O Evangelho é a certeza de que Deus, em Cristo, se reconciliou com o mundo!




Um convite à Doce Revolução... Vem e vê!






Artigo 1 – Fica decretado que agora não há mais nenhuma condenação para quem está em Jesus, pois, o Espírito da Vida em Cristo, livra o homem de toda culpa para sempre.


Artigo 2 – Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive os Sábados e Domingos, carregam consigo o amanhecer do Dia Chamado Hoje, por isso qualquer homem terá sempre mais valor que as obrigações de qualquer religião.


Artigo 3 – Fica decretado que a partir deste momento haverá videiras, e que seus vinhos podem ser bebidos; olivais, e que com seus azeites todos podem ser ungidos; mangueiras e mangas de todos os tipos, e que com elas todo homem pode se lambuzar.


Parágrafo do Momento: Todas as flores serão de esperança; pois que todas as cores, inclusive o preto, serão cores de esperança ante o olhar de quem souber apreciar. Nenhuma cor simbolizará mais o bem ou o mal, mas apenas seu próprio tom, pois, o que daí passar estará sempre no olhar de quem vê.


Artigo 4 – Fica decretado que o homem não julgará mais o homem, e que cada um respeitará seu próximo como o Rio Negro respeita suas diferenças com o Solimões, visto que com ele se encontra para correrem juntos o mesmo curso até o encontro com o Mar.


Parágrafo que nada pára: O homem dará liberdade ao homem assim como a águia dá liberdade para seu filhote voar.


Artigo 5 – Fica decretado que os homens estão livres e que nunca mais nenhum homem será diferente de outro homem por causa de qualquer Causa. Todas as mordaças serão transformadas em ataduras para que sejam curadas as feridas provocadas pela tirania do silencio. A alegria do homem será o prazer de ser quem é para Aquele que o fez, e para todo aquele que encontre em seu caminhar.


Artigo 6 – Fica ordenado, por mais tempo que o tempo possa medir, que todos os povos da Terra serão um só povo, e que todos trarão as oferendas da Gratidão para a Praça da Nova Jerusalém.


Artigo 7 – Pelas virtudes da Cruz fica estabelecido que mesmo o mais injusto dos homens que se arrependa de seus maus caminhos, terá acesso à Arvore da Vida, por suas folhas será curado, e dela se alimentará por toda a eternidade.


Artigo 8 – Está decretado que pela força da Ressurreição nunca mais nenhum homem apresentará a Deus a culpa de outro homem, rogando com ódio as bênçãos da maldição. Pois todo escrito de dívidas que havia contra o homem foi rasgado, e assustados para sempre ficaram os acusadores da maldade.


Parágrafo único: Cada um aprenderá a cuidar em paz de seu próprio coração.


Artigo 9 – Fica permanentemente esclarecido, com a Luz do Sol da Justiça, que somente Deus sabe o que se passa na alma de um homem. Portanto, cada consciência saiba de si mesma diante de Deus, pois para sempre todas as coisas são lícitas, e a sabedoria será sempre saber o que convém.


Artigo 10 – Fica avisado ao mundo que os únicos trajes que vestem bem o homem diante de Deus não são feitos com pano, mas com Sangue; e que os que se vestem com as Roupas do Sangue estão cobertos mesmo quando andam nus.


Parágrafo certo: A única nudez que será castigada será a da presunção daquele que se pensa por si mesmo vestido.


Artigo 11 – Fica para sempre discernido como verdade que nada é belo sem amor, e que o olhar de quem não ama jamais enxergará qualquer beleza em nenhum lugar, nem mesmo no Paraíso ou no fundo do Mar.

Artigo 12 – Está permanentemente decretado o convívio entre todos os seres, por isso, nada é feio, nem mesmo fazer amizades com gorilas ou chamar de minha amiga a sucuri dos igapós. Até a “comigo ninguém pode” está liberta para ser somente a bela planta que é.


Parágrafo da vida: Uma única coisa está para sempre proibida: tentar ser quem não se é.


Artigo 13 – Fica ordenado que nunca mais se oferecerá nenhuma Graça em troca de nada, e que o dinheiro perderá qualquer importância nos cultos do homem. Os gasofilácios se transformarão em baús de boas recordações; e todo dinheiro em circulação será passado com tanta leveza e bondade que a mão esquerda não ficará sabendo o que a direita fez com ele.


Artigo 14 – Fica estabelecido que todo aquele que mentir em nome de Deus vomitará suas próprias mentiras, e delas se alimentará como o camelo, até que decida apenas glorificar a Deus com a verdade do coração.


Artigo 15 – Nunca mais ninguém usará a frase “Deus pensa”, pois, de uma vez e para sempre, está estabelecido que o homem não sabe o que Deus pensa.


Artigo 16 – Estabelecido está que a Palavra de Deus não pode ser nem comprada e nem vendida, pois cada um aprenderá que a Palavra é livre como o Vento e poderosa como o Mar.


Artigo 17 – Permite-se para sempre que onde quer que dois ou três invoquem o Nome em harmonia, nesse lugar nasça uma Catedral, mesmo que esteja coberta pelas folhas de um bananal.


Artigo 18 – Fica proibido o uso do Nome de Jesus por qualquer homem que o faça para exercer poder sobre seu próximo; e que melhor que a insinceridade é o silencio. Daqui para frente nenhum homem dirá “o Senhor me falou para dizer isto a ti”, pois, Deus mesmo falará à consciência de cada um. Todos os homens e mulheres que crêem serão iguais, e ninguém jamais demandará do próximo submissão, mas apenas reconhecerá o seu direito de livremente ser e amar.


Artigo 19 – Fica permitido o delírio dos profetas e todas as utopias estão agora instituídas como a mais pura realidade.


Artigo 20 – Amém!


Caio e tantos quantos creiam que uma revolução não precisa ser sem poesia.
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Amados, “nossa tentativa é de experimentar, provar e viver o eterno Vinho Novo em Odres Novos! Isso porque existem muitos Odres Antigos, que são só odres, são só ‘containers’, eles não fazem parte do conteúdo do Evangelho.


O Evangelho é o Vinho, o resto é apenas, generacional, tem a ver com o tempo, com a hora, com a ocasião. Só que nós, cristãos, acabamos institucionalizando o Odre, e o Odre ganhou uma importância tão grande, que a gente briga, mata e morre pelo Odre, mas não tem ninguém interessado com a qualidade do Vinho! E se é assim, nós não estamos aqui para repetir os modelos de Odres que existem, mas estamos pedindo a Deus que não nos falte o conteúdo do Vinho Novo do Evangelho para pacificar o coração de cada um, em nome de Jesus.”

Agora é com todo aquele que crê!


Não adianta brigar contra a Potestade da Religião. Ela se alimenta da briga contra ela. Sim! O ódio a alimenta e a rejeição a fortalece em seus ódios. Assim, é deixá-la! Pois, a única coisa que pode ajudá-la é justamente o ser deixada só.


Quem ama o Senhor, que ame os irmãos; e que não fique reclamando da “igreja”, nem perdendo tempo com ela e sua brigas sem fim, mas, dedique-se a pastorear as ovelhas e cordeiros de Jesus, conforme Ele disse a Pedro que fizesse.


Sim! Quem ama o Senhor e Sua Palavra, reúna os parentes e amigos e comece a adorar a Deus com eles, estudando e crendo na Palavra, orando uns pelos outros, não se intrometendo nas vidas uns dos outros, mas também não permitindo abusos de uns para com os outros, posto que o Caminho é de Graça, Amor e Perdão; e não a espinhenta vereda da disputa, da supremacia e do abuso; posto que a Graça jamais será a Graxa dos descomprometidos.


Se alguém ouvir e crer; e levantar-se para a Vida em nome de Jesus, esse é membro da Doce Revolução.


Ora, só não vê quem não quer. Pois a Figueira está dando todos os sinais de que o Verão está às portas.


Nele, que nos chama a nada que não transforme segundo o Evangelho.


Em amor.





DEZ COISAS TÃO SIMPLES QUANTO ESSENCIAIS À VIDA!


1. Nunca descreia do poder do amor, ainda que você demore muito a ver os resultados;


2. Não tema pedir em oração, pois o Pai tem prazer em nos ouvir pedindo em fé confiante; mas lembre que Deus não está preso à oração, posto que somente nos atenda naquilo que Ele, como Pai, não julgue que nos fará mal;


3. Leia as Escrituras, especialmente a parte chamada de Novo Testamento; pois toda pessoa que, tendo tal chance, não a use, demonstra que não deseja mesmo conhecer a Deus; posto que seja pela leitura da Palavra que melhor se possa discernir a vontade de Deus;


4. Exercite-se na dadivosidade e na generosidade, pois por tais exercícios seu coração se manterá sóbrio em relação a dinheiro e poder;


5. Nunca fuja de uma necessidade humana que você possa ajudar a resolver... Seria como fugir de Jesus;


6. Fuja do pensamento malicioso. Seja sábio e sóbrio, mas não olhe com malicia, posto que o olhar malicioso corrompa todo o seu ser;


7. Cuidado com todas as raízes perversas... Sim, cuide de seu coração para que nele não cresçam as raízes da inveja, da amargura, da arrogância ou da auto-vitimização; pois essas são as piores raízes a serem deixadas vivas no chão do ser;


8. Nunca se sinta importante, pois tiraria toda a sua naturalidade de ser e viver...; além de que tal sentir é a ladeira para o abismo;


9. Nunca fuja de nenhuma verdade sobre você ou sobre quem você ame; pois, por tal evasão perde-se o discernimento e mergulha-se o ser no escafandro do auto-engano no fundo de um mar de rochas... Além disso, quem determina um auto-engano no pouco, esse será enganado no muito;


10. Ame a Deus e ao próximo; e não existirá lugar para ídolos em seu coração.






Estas são coisas simples e vitais... E aqueles que as seguem sempre são bem-sucedidos em tudo o que fazem; posto que seu fluxo de energia decorra da fonte do que é em Deus.



Nele,




Caio

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

ACERCA DA AUSÊNCIA DE DEUS



Quando um Filho nasce pela primeira vez a alguém, em geral, o pai ou mãe logo sentem medo de não conseguirem criar aquela criança.

Com o tempo a gente aprende que não é assim, e que não se corre o risco de matar uma criança a menos que se não a ame e deseje, do contrário, todo pai e mãe sabem como criar um filho, evitando assim que morra de inanição.

Depois surgem as angustias da educação, do estabelecimento de limites, e, sobretudo, a vigilância ante a suposta autonomia da criança, que, agora, por saber andar, julga que pode caminhar sozinha para todos os lugares.

Assim, na medida em que o tempo passe, as crises paternas vão mudando de contornos.

Sim! Até que se chegue ao tempo no qual o pai tenha que deixar o filho ir; e tenha que aprender a não mais interferir como um dia fez; e, além disso, tenha que aprender a crer que assim como foi com ele, o pai, quando ainda era filho, assim será também com o seu filho, até que se torne um homem em plenitude; e, assim, entenda seu pai.

Desse modo, chega o tempo quando já não se fala com os filhos todos os dias e nem o tempo todo quando se viaja.

Sim! Pois, os pais aprendem com os filhos na lembrança de como nós mesmos [os pais] sentíamos em relação aos nossos pais, na mesma fase da vida, quando éramos apenas filhos.

Bons pais são os que amam com senso de propriedade, sempre incentivando o filho a crescer para ser homem e pai; e, por isto, também sempre praticando a sabedoria que mede palavras e intervenções, a fim de que o filho aprenda as tarefas de um homem pleno, e, assim, fique preparado para as dificuldades da existência.

Ora, assim é Deus, assim é o Pai!

Quando éramos meninos as sarças ardiam, as colunas de nuvens nos seguiam, as torres de fogo iluminavam as nossas noites, os mares se abriam, as aves se entregavam a nós como refeição, as rochas nos serviam águas, os rios se abriam, as muralhas caiam, o sol parava, os exércitos inimigos viam anjos ao nosso lado, relógios atrasavam em nosso favor, águas viravam vinho, peixes assaltavam nossas redes, ventos e ondas fugiam de nossa presença subitamente, via-se Deus andando sobre águas ao nosso encontro.

Entretanto, quando deixamos de ser meninos, foi porque a Cruz nos emancipou, e, assim, tivemos que aprender a sermos filhos sem a presença do Pai como manifestação óbvia; e, por tal razão, tivemos de crescer a fim de sustentarmos um testemunho de ressurreição que somente nós mesmos vimos pela fé; e, mais que isto: que somente nós julgamos ter a importância das coisas essenciais, assim como um filho adulto sabe o que é essencial entre ele e seu pai.

... Até que se cresce para a percepção de que a presença do pai não é algo que acontece porque o pai esteja se manifestando como presente. Sim! Pois, possivelmente, um bom pai se torne melhor ainda para o seu filho depois que se vá do que enquanto esteja presente.

Pai cresce para se tornar uma presença invisível, porém, inafastável!

Meu pai se foi; porém, jamais irá; visto que se deixou em mim com tamanha força, que sinto todos os dias a sua presença de amor e sabedoria; e, eu mesmo, muitas vezes, sinto que vou assimilando a sua semelhança de modo involuntário; muito mais hoje do que quando ele estava ao alcance do telefone ou de uma viagem de avião.

Ora, assim é com o Pai!

Houve tempos em que sem Sua manifestação mais óbvia eu não O via; e, assim, chorava.

Hoje sei que Ele é e está. Sim! Sei que Ele vive em mim; e isto me dá liberdade sobre os dias e as horas, visto que em qualquer dia ou hora Ele vive em mim; e, por isto, sempre estou possuído Dele, até quando o vale é o da sombra da morte.

Hoje quase nunca os mares se abrem ou as aves se matam como comida para mim. O sol também não pára. Os rios precisam ser atravessados. Os exércitos se acampam e ameaçam; e a vitória é apenas não temê-los.

Quando Jesus chamou Deus de Pai, Ele também nos dizia que o caminho do homem com Deus é como o caminho de um homem com um pai que seja bom. Isto nos limites de cada coisa e conceito de bondade.

Quando a sopa ou suco escorria da boca de meu pai na UTI, e eu dizia: “Paizinho, perdão. Derramou!”; e ele apenas sorria e dizia com a boca torta: “É assim mesmo!” — eu não poderia imaginar que, naquela simplicidade, ele estaria me dizendo o que vale e o que é para um homem que deixou de ser criança faz tempo; pois, de fato, a gente cresce para aprender que é assim mesmo.

Ora, feliz é o pai que ensina isso e que vive para praticar o que professa. Afinal, assim fazendo, ele próprio emancipa definitivamente o seu filho.

Desse modo, a sutil presença do Pai, que, muitas vezes, é até interpretada como ausência, é um sinal de que é tempo de crescer.


Nele, que nos ama conforme o sentido de nossa vocação,


Caio

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

UMA MENTIRA CHAMADA “SEGURANÇA”


A maior insegurança de um homem é sempre confessada como sua segurança!

Segurança é o que todo ser humano quer!

Entretanto, nem todos pensam em segurança com as mesmas categorias de conteúdo.

Há aqueles, por exemplo, para quem segurança significa muito dinheiro, ou um emprego estável, ou um bom plano de saúde, ou uma herança certa e farta, ou muita saúde, ou não perder o marido provedor, ou ter uma casa própria, ou conseguir pagar pela educação formal dos filhos, ou ter uma família, etc...

Por outro lado, há aqueles para os quais segurança é estar do lado forte nas disputas de poder, ou possuir poder de sedução, ou ter a certeza de que se é desejado, ou a sutileza de “pular a cerca” sem deixar indícios, ou conseguir fazer o errado sem ser apanhado —; permanecendo “em off” na vida, assim como se fossem apenas a “fonte secreta” de um jornalista honesto com as pessoas e com a profissão.

Assim, sejam boas ou más as razões pelas quais as pessoas buscam segurança, o fato é que quase tudo ao que se chama segurança, não é segurança, sendo, estranha e paradoxalmente, exatamente o seu oposto manifesto com as mascaras da segurança.

Segurança, de fato, não inclui nenhuma das coisas acima. A verdadeira segurança é fruto da paz de se saber amado, e, portanto, da satisfação de se ser quem é. Isto porque essa certeza de ser amado vem de uma dimensão do ser que existe de modo muito mais anterior do que tudo aquilo que, cegamente, chamamos de “vida”.

Segurança, portanto, em sua qualidade mais essencial, é o fruto da confiança no cuidado e na bondade de Deus para conosco; mesmo quando dói. Sim, porque, em tal caso, a certeza do amor de Deus por nós imediatamente nos remete para outra certeza, e que o faz dizer: “Dói; eu não entendo esse caminho; mas sei que Quem o conduz, sempre faz tudo visando o bem de meu ser que é; e que há de permanecer para sempre!”

Portanto, sem certeza do amor que é; do amor de Deus — nenhuma confiança jamais nascerá de nós para Deus. É porque Ele nos ama, e age em nosso favor, que respondemos a Ele, quando respondemos, em amor e confiança também. Ora, nossa resposta em amor ao amor de Deus se manifesta como obediência natural ao único mandamento, que é amor ao próximo.

Assim, nossa confiança no amor de Deus se desenvolve na pratica do amor ao próximo, visto que este passa a ser o meu altar de culto a Deus.

Crescidos em amor ao próximo, em razão do amor de Deus em nós, experimentamos confiança crescente; e ela, a confiança, nos faz habitar aquele lugar que alguns homens, desde há milênios, aprenderam poeticamente a chamar de “refugio bem presente na tribulação”; ou ainda de “sombra do Altíssimo”; ou mesmo de “minha fortaleza”; ou de “minha luz e minha salvação”.

Segurança, assim, não é uma condição de vida na terra, mensurável, e fruto de contas e de investimentos que nos dêem alguma “previsibilidade”; isto se o coração não parar sem dar qualquer explicação.

Entretanto, segurança também não é licença para correr riscos. Digo isto porque há pessoas que pensam que certos indivíduos dispostos a qualquer risco, são seguros de si. Na realidade não há ninguém tão inseguro quanto esse suposto ser “seguro de si”.

Na maioria esmagadora das vezes, salvo em casos de natureza psico-patológica, esses seres “seguros de si” são apenas gente sem um mínimo de amor por eles próprios; e, por essa mesma razão, são também inafetivos. Pois as pessoas que se amam e que amam, não procuram riscos; apenas os enfrentam quando não acham meios de evitá-los.

O ser verdadeiramente seguro evita o risco quando o vê. O homem seguro não teme, mas não busca o perigo e nem ama o risco. O homem seguro ama a paz. Afinal, ele próprio é filho da paz.

Assim, se você algum dia vir alguém que não teme nada, que faz tudo o que lhe vem à cabeça, que diz ter prazer nos riscos, que se entrega ao perigo como um homem bomba — saiba: bem diante de você está a pessoa mais insegura que você já conheceu. E meu conselho é: fique longe dela, pois essa suposta valentia atrairá toda sorte de coisa ruim para a vizinhança de sua alma.

O ser seguro apenas é; pois ele sabe que é Sabido em Deus. Por esta razão ele descansa. E é desse descanso confiante e aninhado em Deus que vem a inabalabilidade desse ser humano que anda em seu caminho de fé.

O ser seguro sabe que o que é dele, está guardado. Sabe que o que é seu, ninguém tira. Sabe que tudo segue a lei da vida quando se anda em confiança e amor. Sabe que seu sustento jamais faltará. Sabe que nada vale mais do que buscar o reino de Deus antes de tudo. Sabe que todo diabo cai do céu quando em seu coração o ódio, o rancor ou a amargura, dão lugar ao perdão ao próximo; qualquer próximo, até o inimigo.

E mais: Tal pessoa sabe que Aquele que veste lírios e alimenta pardais, o ama ainda mais. Sabe que muito mais que saber, o que importa é ser; pois no ser há um saber, ainda que, muitas vezes, não saiba de si mesmo.

Ora, essa pessoa também sabe que todo saber que não vire ser, nada é; visto que um saber que não gera vida, é um saber para a morte; pois, no mínimo, vira presunção: e nada mata mais a alma que a presunção; visto que a impede de crescer.

A presunção é a sombra que impede o sol de fazer crescer qualquer que seja a semente boa no espírito humano. Porém, à sombra da presunção crescem aquelas coisas que geram o fruto da insegurança, que são avareza, idolatria, materialismo, narcisismo, infidelidade, e espírito de inafetividade; e, por extensão, suicídio.

Hoje, eu, você e o mundo inteiro, estamos existindo sob o “signo da insegurança”. E nada há mais desgracadamente mortal do que isto!

É em razão de tanta insegurança, indo do plano macro-político-planetário às decisões de natureza afetiva que fazemos decisões de morte. Olhar para as nossas próprias decisões nos possibilita ver que na maioria das vezes escolhemos a segurança-insegura como refúgio e auto-engano; embora, entre nós, tal insegurança se disfarce sob o manto da “segurança de si”.

Assim, a maior insegurança de um homem é sempre confessada como sua segurança!

Desse modo o Evangelho tira o que se esconde dentro de nossa casa, e o expõe gritando seu nome da varanda da alma; e diz: “O que você chama de minha Segurança ou de meu Sucesso, de fato é a sua mais profunda insegurança; pois um homem seguro, em Deus, não conhece segurança e nem sucesso, mas apenas alegria confiante; e isto no dia bom e também no dia mal.”


Nele, que é nossa Única e Real Segurança,


Caio

Sobre quem vai e quem fica

Diante da constante movimentação dos cristãos evangélicos em direção a movimentos informais, alguns chamados de igrejas emergentes, ou apenas grupos que se reúnem em casas, nasce a preocupação, às vezes sincera e boa, por parte dos que decidiram debaixo das asas das igrejas institucionalizadas.

Antes de qualquer coisa, é importante dizer que na maioria dos casos a falta de diálogo é que não permite que “quem vai” e “quem fica” entendam suas razões mutuamente.

E o argumento mais “forte” daqueles que optam por permanecer na igreja institucionalizada é que, a despeito das diferenças existentes, quem sai à procura de novas formas futuramente haverá de se decepcionar também com seu novo grupo.

Quem assim diz não está errado, mas também não acertou em cheio o cerne da questão. Pois, a bem da verdade, irão se decepcionar aqueles que, como hábito constante em suas vidas, vivem pulando de galho em galho em busca de novidades e modismos. No entanto, e agora falo como um que optou pela saída, há aqueles que decidiram tomar um novo rumo tocados muito mais pelo conteúdo do que pela própria forma.

Não que a forma não seja importante. Ela é e muito! Afinal, não se deve pôr vinho (conteúdo) novo e odres (formas) velhos. Jesus quem advertiu! Nem remendo novo em pano velho. Definitivamente, não funciona!

Continuando, a falta de diálogo, ou mesmo de interesse em entender o “novo” é que não permite a muitos perceber que o “novo” anunciado pode ser o bom e velho de sempre: o Evangelho! Que é sempre Boas Novas pra quem quer que o aceite.

Sugiro então que haja diálogo e total interesse em amor, a fim de todos possamos nos compreender! E mais: respeitar uns aos outros como irmãos apesar de nossas escolhas distintas.

No mais, quem sabe eu ainda escreva as razões pelas quais a muito tempo eu queria saltar rumo ao “novo”!

Humberto Ramos no Visão Integral

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A PALAVRA É VIVA. DÊ UMA CHANCE A ELA!


Uma pessoa, com um Novo Testamento nas mãos, sabendo ler e tendo bom coração, não precisa de quase nenhuma ajuda para entender, especialmente se não tiver algum religioso por perto para explicar.


O que mais atrapalha na leitura da Bíblia, depois do fato que as pessoas não sabem ler; digo ler mesmo — é a “explicação dos interpretes oficiais”.


Papai creu lendo sozinho o livro de Hebreus, e cresceu na fé e no conhecimento apenas lendo a Bíblia!


Meses depois é que começou a ler os teólogos reformados, mas nunca de modo acrítico. Chegava mesmo a dizer: “Que pena! Homens tão eruditos, mas sem fé e sem entendimento espiritual!”


O fato é que o espírito Católico antigo, que proibia a leitura da Bíblia e que assegurava que os “leigos” não conseguiriam entender a Bíblia lendo-a sem “assistência”, continua vivo, não como proibição à leitura da Bíblia, mas sim como a crença generalizada entre os “crentes” que, sem um sacerdote, pastor ou entendido, ninguém consegue ler e entender a Bíblia sozinho.


Assim, Bíblia sem comentário é bobagem!


E mais:


As pessoas não lêem mais a Bíblia, preferindo ouvir alguém falar [supostamente] sobre um texto e explicar.


Desse modo, proliferam os livro-Bíblia, mas o povo fica cada vez mais ignorante da Palavra!


Todos têm Bíblias; Bíblias de todos os tipos, com todas as letras, e com todo tipo de comentário. Têm a Bíblia, o livro, mas não o lêem; e, quando o fazem, quase sempre é seguindo alguma cartilha ou manual.


Neste ano de 2010 tenho uma proposta a fazer a você:


Leia o Novo Testamento várias vezes este ano!


Leia sozinho; sem ajuda; sem comentário; sem livro de apoio; sem “doutrinação”; sem a indução de um “interprete”...


Sim! Faça isto; e, depois, me diga se você não cresceu sozinho tudo o que antes era algo ainda distante ou desconhecido por você!


Não deixe que o gargalo da religião e de seus controles e induções impeçam sua compreensão simples da Palavra.


João disse:


“Vós tendes a unção que vem do Santo, e não precisam de que ninguém ensine a vocês!”


A leitura da Escritura, acompanhada de um coração simples e cheio de fé, entende sempre; e, quase sempre, melhor do que os teólogos cultuadores de conflitos e de informações áridas e divorciadas da simplicidade da fé em Jesus.


Dê uma chance simples ao Espírito Santo de ser seu Mestre da Palavra!



Nele, que é a Palavra e é sua chave de interpretação,



Caio

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O “JESUS” QUE JESUS NÃO CONHECE!



Todos os dias encontro pessoas que vivem como bem entendem, mas desejam assim mesmo as bênçãos do Evangelho.


O ardil é simples:


A pessoa não lê a Palavra [exceto em reuniões públicas e a fim de basear o discurso de algum pregador], não conhece Jesus [exceto como nome poderoso nas bocas dos faladores de Deus], não ora [exceto dando gritos de apoio às orações coletivas], não pratica a Palavra [exceto a palavra do profeta do grupo, ou do bispo ou autoridade religiosa da prosperidade ou da maldição], não se compromete com o Evangelho [exceto como dízimo e dinheiro no “Banco de Deus”: a “igreja”]; e, de Jesus, nada sabe; pois, de fato, nada Dele experimenta [exceto como medo].


Entretanto, a pessoa fica pensando que o Evangelho que ela nem sabe o que é haverá de abençoá-la em razão de que ela está sempre no “endereço de Deus”: o templo da “igreja”.


Assim, vivem como pagãos em nome “de um certo Jesus” que não é Jesus conforme o Evangelho; e, mesmo assim, seguem “um evangelho” que não é Evangelho, para, então, depois de um tempo, acharem que o Evangelho não tem poder, posto que acham que já o provaram e de nada adiantou; sem saberem que de fato deram suas vidas a uma miragem, a um estelionato, a uma fantasia de “Deus”.


Milhões pronunciam o nome de Jesus, mas poucos o conhecem numa relação pessoal!


Na realidade o que vejo são pessoas estudando teologia sem conhecerem a Deus; entregando-se ao ministério sem experiência do amor de Deus em si mesmas; brigando pela “igreja” [como grupo de afinidades] sem amarem o Corpo de Cristo em seu real significado; pregando “a mensagem da visão da igreja” julgando que tem algo a ver com a Palavra de Jesus [apenas porque o nome “Jesus” recheia os discursos].


E mais: os que aparentemente sabem o que é o Evangelho e quais são as suas implicações, ou não querem as implicações para as suas vidas pessoais, ou, em outras ocasiões, não querem a sua pratica em razão de que ela acabaria com o “poder” de bruxos que exercem sobre o povo.


Assim, vão se enganando enquanto enganam!


O final é trágico: vivem sem Deus e ensinam as pessoas a viverem na mesma aridez sem Deus na vida!


O amor à Bíblia como livro mágico acabou com o amor à Palavra como espírito e vida!


Não se lê mais a Palavra. As pessoas levam a Bíblia aos “cultos” apenas para figurar na coreografia e na cenografia da reunião — nada mais!


Oração em casa, sozinho, com a porta fechada, e como algo do amor e da intimidade com Deus, quase mais ninguém pratica!


Ora, enquanto as pessoas não voltarem a ler a Palavra, especialmente o Novo Testamento, jamais crescerão em entendimento e jamais provarão o beneficio do Evangelho como Boa Nova em suas vidas.


Há até os que depois de um tempo julgam que o Evangelho é fracassado em razão da “igreja” estar fracassada.


Para tais pessoas a “igreja” não é apenas a “representante de Deus”, mas, também, é o próprio Evangelho!


Que tragédia: um Deus que se faz representar pelo coletivo da doença do “Cristianismo” e que tem “igreja” a encarnação de um evangelho que é a própria negação do ensino de Jesus!


O que esperar como bem para tal povo?


Ora, se não tiverem o entendimento aberto, o que lhes aguarda é apenas frustração, tristeza e profundo cinismo.


Quem puder entender o que aqui digo, faço-o para o seu próprio bem!


Nele, que não é quem dizem que Ele é,



Caio

POR QUE VOCÊ CRÊ?



Raramente é diferente. Afinal a regra é aceitar porque se aceita, mas sem bem saber a razão.

Sim, as pessoas se convertem na maioria das vezes porque se converteriam a qualquer coisa que as cercasse com força e poder, em qualquer lugar ou cultura.

Quase todos os crentes que eu conheço seriam o que fosse mais espetaculoso aqui ou em qualquer lugar ou cultura onde estivessem.

Seriam Budistas, Xintoístas, Taoistas, Zoroastristas, Mulçumanos, ou qualquer outra coisa, de acordo com a cultura ou a prevalência de poderes num choque de força com outra expressão religiosa, contra outra potestade.

A grande maioria se converte à promessa feita, não aos fatos existenciais da promessa.

Sim, convertem-se à promessa feita pelo homem que promete em nome de Deus...

Quem prometer mais e fizer mais demonstrações do prometido, esse é o que leva vantagem...

João Batista, aqui, hoje, seria totalmente não ouvido, nem no deserto e nem na cidade...

Afinal, se diz que João nunca fez nenhum milagre, embora tudo quanto ele tivesse dito acerca de Jesus fosse verdade plena.

Mas quem está interessado em verdade?

A verdade não importa. O que importa é a promessa ou a demonstração de poder, nem que seja o poder miraculoso da sugestão.

Somente um tempo depois é que algumas pessoas começam a se perguntar por que creram...

Em geral isso acontece quando decepcionada com o excesso de promessas ou com o escracho das incoerências, a pessoa vai cansando...

Aí ela conhece alguém que seja gente boa e, ao mesmo tempo, não faça parte do mesmo grupo religioso. Então, depois disso, a pessoa começa a se questionar... Quer saber se está do lado da verdade...

Assim a pessoa começa a se perguntar a razão de ter crido, se a Bíblia é fidedigna, se o Novo Testamento não é um exagero dos discípulos, se o que foi narrado é digno de confiança, ou mesmo se outras histórias de Jesus não foram suprimidas ou outros evangelhos não teriam sido arbitrariamente descartados...

Ora, quando a maioria chega aqui neste ponto já foi em razão de tanta decepção que a tendência da pessoa é privilegiar qualquer outra informação diferente daquela que originalmente a convenceu.

Então a pessoa que esteja nessa situação começa a ficar cínica!

Sim, qualquer coisa se torna importante como contradição às Escrituras, posto que a pessoa agora esteja tendente a descrer.

É nesta hora que vejo o processo recomeçar...

Cansadas de traumas e de mentiras muitas pessoas passam a tender crer naquilo que tem infinitamente menos respaldo histórico, mas que é diferente do que originalmente havia sido ensinado.

Comparando:

É como a pessoa que diz que tem problemas com o Novo Testamento, mas que não tem nenhum problema com o Alcorão, que é, na sua formação, um conta da carochinha quando comprado à gravidade dos Evangelhos.

Ora, quando eu cri em Jesus de fato cri porque cri.

Cri porque me senti tocado...

Cri porque meu pai cria e eu confiava nele...

Cri porque tinha visto sinais poderosos e cria neles...

Cri porque era o que havia de bom para se crer...

Cri porque aquele era o destino espiritual de minha família, de meu pai e minha mãe, eu queria para mim as mesmas coisas eternas...

Logo a seguir fui me maravilhando com a Bíblia. Depois com a sabedoria da Palavra. Depois com as experiências do poder de Deus na expulsão de demônios e na cura dos doentes...

Foi somente depois de um tempo que comecei a me perguntar realmente pela verdade...

Ora, isto aconteceu quando tive minha primeira decepção: ficara doente, e como orava com os doentes e eles ficavam curados, cria que quando ficasse doente eu mesmo ficaria curado.

Adoeci e não fui milagrosamente curado como acontecia com aqueles pelos quais orávamos.

Então comecei a me questionar...

Tinha 20 anos de idade e morava em Manaus.

Foi quando vi que por mais que eu fosse lógico e por mais que me calçasse do que pudesse ser base sólida para a minha crença, na realidade nada servia como base e fundamento, exceto a fé.

Sim, pois eu mesmo não andei com Jesus, não o vi morrer na Cruz, não testemunhei a Sua Ressurreição no domingo de manhã, não comi e bebi com Ele durante dos quarenta dias nos quais se manifestou aos discípulos depois de haver ressuscitado dos mortos, não o vi subir aos céus e nem tampouco vieram línguas de fogo sobre a minha cabeça quando recebi o Espírito Santo.

Na realidade eu vi que tinha que crer no testemunho de homens, de homens como eu, e, assim, teria que crer neles assim como desejo que as pessoas creiam no meu próprio testemunho; e como nunca pude me imaginar vivendo uma mentira tão radical quanto o Evangelho, não poderia imaginar que eles vivessem de outro modo; e, além disso, como cria em um homem como meu pai, que também jamais passaria a ninguém mensagens de Deus que não fossem de Deus — fui descansando em meus conflitos, embora tenha visto que somente seria salvo de meus conflitos pela fé e pela confiança, posto que todas as bases de apologia que me pudessem oferecer não resistiam as minhas mais simples indagações.

No fim a gente aprende que as lógicas da Bíblia somente servem aos que já crêem, e que sem fé nada na Bíblia se impõe por si mesmo, a menos que a pessoa ponha em prática antes.

Sim, toda razoabilidade supostamente bíblica é tolice como argumento que busque convencer quem não queira ser convencido, pois não há evidencias que esmaguem as lógicas humanas preconcebidas.

Na realidade tudo se inverteu...

Comecei pensando que cria por causa da Bíblia. Depois vi que cria apenas por causa de Jesus em mim...

Sim, vi que era o fato existencial de Jesus em mim que dava a mim mesmo a capacidade de crer no testemunho de homens como eu.

Em suma: era porque eu já conhecia Jesus em mim que eu podia crer no testemunho de Pedro, Paulo, Mateus e outros; pois, a partir de mim mesmo eu estava convencido de que eles tinham conhecido Aquele que eu conhecera também; e como não podia me imaginar brincando com tal realidade, não os concebia capazes de nada que não fosse também compromisso com a verdade.

Foi então que entrei de cabeça [entre os meus 20 e trinta anos de idade] em todos os aspectos do meu conflito intelectual em relação às bases de minha fé.

Entrei de cabeça apenas para verificar que eu tinha que ser meu próprio Pedro e meu próprio Paulo na experiência.

Sim, descobri que era a minha seriedade com o Evangelho que dava firmeza à minha fé na avaliação que eu fazia do testemunho dos 1ºs testemunhantes.

Percebi que eles são sérios quando a gente é séria, e que eles suscitam dúvidas em quem é capaz de brincadeiras e manipulações.

Ou seja:

A fé na Bíblia ou no Novo Testamento como texto de testemunho veraz acerca de Deus e de Jesus [...] somente encontra sua base de confiança na boa intenção de quem diz crer em Jesus.

Se sou desconfiado porque não me faço confiar ou porque já tenha sido muito enganado..., a minha tendência á andar sempre com um pé atrás, sem me entregar jamais por completo.

Então, nesse caso, se eu fosse assim, me tornaria um professor de Bíblia, buscando entender os melhores textos, e fazendo todo o possível para jamais ser enganado, e, por isto, tornando-me “aberto” o suficiente para analisar todo texto apócrifo sobre os evangelhos com o mesmo peso de respeito que dou a Marcos ou a Lucas.

Na realidade chega a hora em que pessoa tem que saber que crê porque creu, e que creu porque recebeu um testemunho interior, e que tal testemunho interior é verdadeiro não por causa do texto, mas em razão de que sua verdade é vida.

Desse modo, se o Novo Testamento contém a informação do Evangelho, de outro lado ele não tem nenhum poder interior em mim a menos que eu, crendo, me largue e me entregue à priori, do contrario, serei sempre apenas um catador de verdade ou de piolhos de inverdade na Bíblia.

Assim, meu encontro com Jesus pode não ter começado como o de Pedro ou Paulo, porém, creia, ele somente se mantém se eu me assumir com a mesma consciência e responsabilidade com Deus expressa por gente como Pedro e Paulo.

O Livro [Bíblia], o texto, o testemunho humano, a pregação, etc. — tudo tem seu lugar e importância no inicio de tudo, mas, depois de um tempo, ou você conhece Jesus ou, então, saiba: os argumentos das crenças já não ajudarão você em nada!

Depois de um tempo, no entanto, já não é mais por nada, muito menos pela Bíblia que você crê em Jesus, pois, se Ele está vivo [como disse que estaria e eu testemunho que está], então, a Bíblia serve de catapulta histórica e concreta para a informação fundamental, mas não é ela mesma, a Bíblia, o agente essencial, que é o Espírito ativando a Palavra; e isto é infinitamente maior do que a Bíblia, posto que seja a Presença viva de Jesus em você, tornando cada um de nós gente que um dia conheceu de ouvir e de ler, mas que agora pode dizer: “Os meus olhos Ti vêem”.


Nele, com Quem vivo todos os dias e todas as noites,


Caio

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

SEM FÉ NO CAMINHO, QUEM CAMINHARÁ?



Todos nós sabemos apreciar coisas como humildade, mansidão, lágrima amiga, busca de relações justas, intrepidez na perseguição da paz e da reconciliação, e coragem de consciência para suportar o antagonismo, sem ódio, porém com determinação e com o espírito contente por estar andando no mesmo caminho dos profetas que viveram antes de nós.


Bem, isto se a pessoa que encarne esses conteúdos não estiver entre nós e os nossos interesses. Isto porque, do contrário, à semelhança do que nossos pais fizeram, nós também os alijamos de toda possível presença e influência.


Tais pessoas são boas quando é bom pra gente, e ruins quando achamos que é contra a gente. Daí o profeta nunca ter honra em sua própria terra, pois a des-instalação que ele causa é de natureza profunda e visceral demais.


No entanto, quando sentei aqui para escrever, o que me moveu foi o fato de estar pensando como a gente é capaz de gostar da virtude, desde que ela ande bem longe de nós. Aliás, a gente elege certas pessoas como santas e virtuosas a fim de que elas cumpram esse papel pela raça humana, e bem longe de nós. Por isto os seres admirados sempre serem de terras distantes ou épocas remotas. E, assim, nos condenamos naquilo que aprovamos, pois chamamos a esses tais de virtuosos, mas não lhes imitamos o caminhar.


De fato, quem tem alguma coisa contra uma pessoa ser sempre ensinável e sempre pronta a crescer? Bem, dos humildes é o reino dos céus.


Quem se insurge contra a idéia de que seja bom que alguém seja capaz de se conter, e que exerça domínio sobre si mesmo? Ora, os mansos herdarão a terra.


Quem terá alguma coisa contra a pessoa que é capaz de expressar sentimentos e de chorar com solidariedade e com senso de propriedade e de intensidade? O que se garante é que o que choram serão consolados.


Quem desgosta da existência de pessoas boas e justas, e que não conseguem ter nenhuma satisfação pessoal em qualquer ganho que empobreça os outros? Os que têm fome e sede de justiça serão fartos.


Quem se entristece pela existência de gente que olha a vida com olhar limpo e puro, e que não carregue julgamento no coração contra o seu próximo? Ora, está dito que os limpos de coração verão cada vez mais a face de Deus.


Quem se sente mal com o fato de haver pessoas que sempre se empenham pela paz? Ou não está dito que os pacificadores serão chamados filhos de Deus?


Quem se ressente da existência de pessoas que não transigem contra suas consciências em nada do que diga respeito à essência da vida, ainda que o preço seja a perseguição? Acerca desses se diz que devem alegrar-se, especialmente se a resistência tiver sido pela consciência do Evangelho, pois este é o galardão do profeta.


Ora, se é assim, então por que não buscamos viver assim?


Só há uma resposta: É porque não cremos!


De fato, a cada dia mais eu acredito que o caminho da Graça nos leva a andar nessa trilha pela fé, e que à medida em que se caminha, tudo vai se tornando felicidade espiritual. Sim, tudo vira bem-aventurança.


Porém, sem fé no caminho, ninguém dá nenhum passo.


Chegamos naquele ponto da caminhada na qual toda confissão se faz acompanhar Daquela Voz que diz: “Vai, tu, e procede de igual modo”.


Jesus disse que este o modo de ser e ver no Caminho. Quem crê que almeje em fé esse existir. Esta é a vereda da Graça, e que é vivida em verdade somente deste modo.


O fruto da Graça é felicidade, é bem-aventurança no ser. Felicidade espiritual é a promessa do Caminho ao caminhante. A verdade não tem uma cara, mas tem um modo de ser existencial. E o fruto que recebe a bem-aventurança, é esse modo de ser da verdade.


Pense nisto!


Caio

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

COMO É SER DISCÍPULO DE JESUS?


“Como é ser discípulo de Jesus?” — é a pergunta de muitos.


Ora, é simples e terrível; e é tão terrível justamente porque é tão simples; e gera tanto esforço justamente por isso, pois nada há tão difícil quanto a simplicidade, nem que demande mais esforço que descansar no descanso.


A tendência natural da alma humana é para oferecer os mesmos sacrifícios de produção própria de Caim. Em Caim nasceu a religião. E é no espírito da oferenda autojustificada de Caim que ela é praticada.


É difícil não oferecer nada a Deus. É muito difícil apenas confiar que o sangue de outro cobriu você. É loucura para os gregos e intelectuais; é escândalo para os judeus e todos os religiosos.


Para ser discípulo de Jesus a pessoa tem que renunciar o “si-mesmo”. Ora, isto significa desistir de si mesmo como “produção” de algo que comova Deus.


Negar ao “si-mesmo” é abandonar a presunção da persona.


Negar a si mesmo é o que se tem que fazer para que o “eu” seja alcançado, e, em seu estado mais verdadeiro, possa ser atingido pelo amor de Deus.


Negar a si mesmo é deixar toda justiça própria e descansar na justiça de Deus, que, antes de tudo, é justiça justificadora.


Negar a si mesmo é abandonar a presunção de agradar a Deus pela imagem e pelas produções próprias.


Quem quer negar a si mesmo?


Se alguém quiser, então tome a sua cruz. Cruz? Que cruz? Ora, a única. A minha cruz será sempre me gloriar na Cruz.


Alguém diz: Mas não sobrou nenhum sacrifício para mim?


O sacrifício é aceitar que o Sacrifício foi feito e consumado.


Alguém pensa que isto é fácil?


Tente!


Sim, tente apenas e tão-somente confiar que está pago e feito.


Tente crer que Jesus é suficiente, não como chefe de religião, mas como o Cordeiro que tira o pecado do mundo todo.


Tente rejeitar todo pensamento de autojustificação toda vez que você se vir tentado a se explicar para Deus e para os homens.


Tente apenas confiar na única Cruz, e, assim, levar a sua cruz, que é andar pela fé, nunca tendo justiça própria senão a que vem de Deus.


Tente, e você verá como todos os seus sentidos se revoltarão, e como todos os seus instintos se eriçarão, e você se sentirá inseguro, como se a Lei do Reino fosse a da Sobrevivência dos mais Aptos.


Sim, porque nos sentimos seguros no sacrifício de Caim, embora ele nada realize diante de Deus. E nos sentimos muito inseguros na hora de praticar na vida o sacrifício de Abel.


Jesus disse “Está Consumado”. E a nossa alma, em si mesma, pergunta: “O que mais eu devo fazer?”


Jesus terá que repetir Seu sacrifício todos os dias outra vez? Ou terei eu de oferecer alguma coisa a mais?


Ora, se a pessoa consegue desistir do “si-mesmo”, e tomar a sua cruz, então, Jesus diz que esse tal vai poder segui-Lo.


“Segue-me” — é o convite.


E aí? O que acontece? Fica tudo resolvido?


É claro! Está tudo resolvido! Eu, agora, é que preciso aprender a usufruir o que já está consumado. Assim, tendo já tudo consumado em meu favor, caminho para experimentar o que já está feito e pronto.


E como é esse caminho? Como se faz para seguir Jesus?


Ora, ande após Ele como Pedro... e os outros.


O discípulo é um ser em disciplina. Disciplina é o que o discípulo vai aprender.


Que disciplina? A dos centuriões?


É claro que não. A disciplina que o discípulo vai aprender é amor.


Assim, no caminho, o discípulo cai, levanta, chora, questiona, se oferece para o que não deve, ambiciona ser maior, menor, mais amado, mais crido, mais usado, mais devotado, mais, mais... e, então, vai aprender enquanto cai, enquanto erra, enquanto sugere equivocadamente, enquanto acerta, enquanto nega, enquanto corta orelhas, enquanto quer fazer fogo cair do céu e enquanto pensa que sabe, sem nada saber.


O caminho do discípulo é igual ao caminho dos discípulos no Evangelho, e acontece do mesmo modo. E só será discipulado se for igualmente acidentado, exposto, aberto, equivocado, humilde, capaz de aceitar a repreensão do amor e apto a aprender sempre sem jamais acreditar que se terminou qualquer coisa antes que se ouça: “Vem, servo bom e fiel; entra no gozo do teu Senhor”.


O caminho do discípulo não está escrito em manuais e nem em cartilhas de igreja.


O caminho do discípulo é todo o chão da existência.


O discípulo é forçado a só aprender se viver. E ele não precisa ter medo da vida, pois é na vida que ele vai seguir a Vida.


No caminho do discípulo o mar se encapela, as ondas se levantam e os ventos sopram. Por isso, o discípulo muitas vezes tem medo, grita, vê coisas, interpreta-as errado — “É um fantasma!”


Seguindo Jesus o discípulo está sempre seguro, mesmo quando pede o que não deve, e mesmo quando muitas vezes deseja o que lhe faz mal.


No caminho ele vê demônios saírem e não saírem; julga e é julgado e aprende que não pode julgar; afoga-se, é erguido e caminha sobra as águas; vê maravilhas; encara horrores... Mas adiante dele está Jesus!


Para ser um discípulo de Jesus a pessoa tem que ficar sabendo que o Evangelho não são quatro livros acerca do que aconteceu entre Jesus e alguns homens e mulheres muito tempo atrás.


Para ser um discípulo de Jesus a pessoa tem que ficar sabendo que o Evangelho está acontecendo hoje, do mesmo modo, na vida dela. E precisa saber que as coisas escritas no Evangelho são apenas para a gente ficar sabendo como é que acontece na nossa própria vida.


O Evangelho só é Evangelho se for vivido hoje. Não com a pretensão de dizer que seremos como Jesus. Mas pelo menos com a declaração de que seremos como os discípulos, e que adiante de nós, de todos nós, está o Senhor.



Caio

UMA PITADA DE EVANGELHO: UM SAL PRA PRESSÃO BAIXA!


Referencias: os quatro evangelhos.


O Evangelho manda andar quieto, com pouco peso, sem papo furado pelo caminho, indo sem força própria, mas como um cordeiro ainda que em meio aos lobos; e isso sem desejos inquietos, sem frisson social, antes, desejando paz onde se entra; e permanecendo onde quer que se seja acolhido por filhos da paz; e manda ainda o Evangelho que em se indo... — que se pregue e se cure os doentes; e que se anuncie que o reino de Deus é chegado sobre todo aquele que crê.


O Evangelho manda que se ande sem ansiedade pelo que comer ou beber; pois, o Pai sabe e cuida; antes exorta a que se busque o reino em nós como bem maior; e garante que a simples Presença Primeira do Reino em nossa existencialidade, harmoniza a vida à nossa volta, de modo que todas as coisas que nos sejam necessárias nos serão acrescentadas.


O Evangelho manda que nossa alegria seja espiritual e não fundada nas cócegas irrisórias dos valores de neblina deste mundo.


O Evangelho ordena que a ninguém olhemos com preconceito, a menos que desejemos receber o conceito de Deus contra nós.


O Evangelho manda que nossas melhores festas sejam dadas a quem nunca tem alegria, como pobres, cegos, coxos, paralíticos, marginalizados e doentes.


O Evangelho diz-nos que perdoemos sempre; mesmo que seja algo inconcebível como 70 x 7 por dia.


O Evangelho afirma que Jesus só comparece a ajuntamentos de perdão, reconciliação e harmonia; ainda que apenas de duas ou três pessoas.


O Evangelho não ensina a fazer da Fé um Show e menos ainda o Show da Fé; ao contrario, manda que tudo seja feito de modo que mesmo o maior impacto seja logo esvaziado de todo show, para que fique apenas a pessoa e Jesus.


O Evangelho manda que não se tenha respeitos humanos, mas apenas respeito pelo ser humano; sendo que o primeiro tem a ver com posições e poder; e o segundo com a mera constatação reverente do outro como um ser.


O Evangelho designa homens e mulheres para serem sal, luz, sombra, ninho, abrigo, água fresca, pão, telhado, abraço, acolhida, hospitalidade, solidariedade, verdade, justiça, presteza, integridade, honestidade, lealdade, simplicidade e amor de Deus para com todos os homens; e, antes disso, uns para com os outros como discípulos de Jesus.


O Evangelho manda fazer o bem com a ignorância da naturalidade do amor de uma pomba; e discernir o mau com o olhar de uma serpente.


O Evangelho manda amar ao próximo como a nós mesmos, pois, somente assim o bem ao próximo é feito como quem toma banho, cuida de uma ferida, e penteia o cabelo sem virtude pessoal no que faz por si mesmo.


O Evangelho manda amar a Deus sobre tudo e todas as coisas, pois, sem o amor de Deus, que coisas haverá para serem de fato amadas e apreciadas?


Ora, eu poderia escrever até morrer de exaustão, sempre dizendo o que é o Evangelho e o que ele nos ordena como discípulos. Todavia, tudo o que se diga para sempre sobre isso, jamais será mais do que o que o Evangelho é: Deus, em Cristo Jesus, reconciliando consigo mesmo o mundo; e a nós de quebra...; e nós, por essa razão, tornando-nos os mais felizes, gratos e perdoadores de todos os seres humanos; inclusive de nós para nós —; e, portanto, os pobres que enriquecem a muitos.


Mas para quem desejar conferir por só saber que algo é o Evangelho se vier “entre aspas” ou com um monte de referencias ao “livro Bíblia”, abra a Bíblia e veja.


Eu, entretanto, escrevo assim [sem referencias ou citações], de propósito, desafiando os descrentes a lerem os evangelhos a fim de encontrarem qualquer coisa que não seja exatamente aquilo que nas palavras acima ditas expressam o espírito das palavras do Evangelho.


É somente assim o caminho que leva de meninos a homens! — Boys to Men!


Nele, que é a Palavra da Vida; o Evangelho,



Caio

PROCURAM-SE ANTI-HERÓIS



Há alguns anos, Lance Morrow escreveu na revista “Time” que “ser famoso é, entre as ambições humanas, a mais universal. Quem, a não ser monges e freiras, se contenta com a simples atenção de Deus? Quem busca ser obscuro na vida? Em nossa sociedade, ser obscuro é ser fracassado”. Realmente, o mundo está lotado de gente correndo pelos primeiros lugares. Já se disse que quem chega em segundo não é vice, apenas o primeiro entre perdedores. Somos seduzidos pelas luzes e holofotes feito mariposas. O Ocidente alimenta o sonho do heroísmo; a modernidade, calcada na ideia do progresso, acena que a felicidade depende de conquistas; e a espiritualidade que se difundiu no hemisfério sacraliza ideais ufanistas.

Especialistas em planejamento estratégico, gurus em autoajuda e neurolinguistas repetem a fórmula da eficiência, competência, excelência, como estradas para o sucesso. A vida se transforma em uma guerra na qual os mais fortes sobrevivem. O esforço de ser campeão cria a necessidade de suplantar os outros. Importa conquistar o pódio dos grandes ídolos. Os menos hábeis que pelejem para não serem extintos.

Será que anônimos, gente simples, que jamais ganharão um Prêmio Nobel, merecem o desprezo que sofrem? Devem ser tratados como fracassados aqueles que nunca serão manchete de jornal? A indústria do espetáculo torna difícil acreditar que muita gente leve uma vida bonita sem as luzes da ribalta.

A cosmovisão moderna foi criticada em “Crime e Castigo”, de Dostoievsk Raskólnikov, personagem principal, classifica a humanidade em seres “ordinários” e “extraordinários”. Para justificar um assassinato, ele afirma que os “ordinários” são as pessoas que vivem uma vida despretensiosa, sem grandes desdobramentos para a macro-história. Esses podem ser sacrificados pelos “extraordinários”, que são os responsáveis pela condução da história. Impressionado por Napoleão ter derramado tanto sangue e mesmo assim ter sido perdoado pela história, Raskólnikov se comporta como uma pessoa “extraordinária” e assassina duas vidas.

O mundo, entretanto, não precisa de heróis, mas de anti-heróis. Gente que ame a discrição mais que o espalhafato, que valorize a intimidade relacional mais que a superficialidade, que veja beleza na candura mais que na sofisticação e que não fuja de sua fragilidade humana. O desabafo de Fernando Pessoa em “Poema em Linha Reta” merece ser mencionado: “Quem me dera ouvir de alguém a voz humana/ Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;/ Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!/ Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam./ Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?/ Ó príncipes, meus irmãos,/ Arre, estou farto de semideuses!/ Onde é que há gente no mundo?”.

O evangelho não incentiva a busca do sucesso. Jesus, discretíssimo, jamais aceitou a lógica do triunfo. Ele exerceu o seu ministério nos confins da Galileia e não em Jerusalém; escolheu pescadores rudes como discípulos; priorizou alcançar marginalizados, pobres e esquecidos. Não cedeu ao apelo de ir para Atenas, mas foi para Jerusalém morrer. A lenta transformação do cristianismo em um sistema religioso com heróis de renome, ícones aplaudidos e mitos idealizados não tem nada a ver com o projeto inicial do carpinteiro de Nazaré.

Cristianismo não é espetáculo. Nem sequer louvor significa show. Não se pode confundir profeta com animador de auditório nem evangelista com mascate. Púlpito não pode virar palco; nem sacristia, camarim. Esperança não se vende, nem milagre deve ser trampolim para a glória.

Paulo afirma em 1 Coríntios 4 que os líderes se consideram como despenseiros dos mistérios de Deus, e dos despenseiros requer-se tão-somente que sejam fiéis. Deus não premia sucesso, e sim integridade. Mulheres e homens anônimos, que trabalharam a vida inteira em asilos, comunidades indígenas, orfanatos, favelas, centros de reabilitação de alcoólicos, não malograram; pelo contrário, estes são os que a epístola aos Hebreus descreve como aqueles dos quais “o mundo não é digno”. Eles são sal da terra e luz do mundo. Nunca a fé cristã dependeu tanto desses anônimos que seguem os passos de Jesus.

Soli Deo Gloria

Texto de Ricardo Gondim

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A PERFEITA IMPERFEIÇÃO DA IGREJA

O problema da igreja é sua arrogância em relação a não se enxergar


A PERFEITA IMPERFEIÇÃO DA IGREJA



Leia: Mateus 18



Tem gente que ainda não entendeu que quando Jesus disse “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, eu aí estou no meio deles”, Ele estava ensinando qual é o vértice espiritual e histórico que dá significado à Igreja; ou seja: Ele ensina o que “realiza a verdade” da Igreja, como encontro humano.



E o contexto fala de reconciliação. Um irmão “ofendido” tem que procurar o “ofensor” e tentar ganhá-lo. E isto deve ser feito insistentemente, até que o próprio ofensor rejeite toda conciliação.



A palavra grega que designa essa “reunião” é mesma que fala de harmonia, como se o que estivesse em curso fosse uma “afinação de instrumentos”.



O outro pólo mais adulto dessa proposta está em Lucas, quando Jesus diz que se deve perdoar ao irmão até setenta vezes sete num único dia.



Ou seja: a proposta de Jesus nos põe a todos de calça curta, e necessitados de dizer: “Senhor, aumenta-nos a fé; pois ainda não somos cristãos”.



Até o quarto século o que impressionou os “pagãos” que observavam os cristãos não era a “perfeição” deles, mas o amor e a graça com a qual se tratavam e tratavam o mundo.



“Olhem como se amam!”—era a estupefação que ecoava nas palavras de gente que olhava os cristãos de fora, conforme vários testemunhos encontrados em antigos textos históricos.



Portanto, a perfeição da igreja é não se “vender como perfeita”, mas sim se revelar, sem ensaio e performance, como lugar de misericórdia e graça.



Não é possível esperar perfeição de nenhum de nós. Somos caídos e maus... o melhor de nós ainda é mau.



O que nos faz diferentes é nossa atitude, se é honesta com a nossa própria Queda, e, sobretudo, sincera com a Graça que todos nós temos recebidos.



Daí a perfeição do discípulo ser sua humildade... humildade para ser, sem ser ainda o que deseja; humildade para viver com misericórdia, pois ele mesmo carece dela, todos os dias, nos céus e na terra.



Repito: o problema da “igreja” nunca foram os seus erros humanos, mas sim a sua arrogância em relação a não se enxergar, e oferecer-se como a Representante de Deus na terra.



Quem desejar, que tente!



Mas no dia em que deixarmos de lado toda essa empáfia e formos apenas gente da Graça, então, assustados veremos o respeito que o mundo nos terá; conforme aconteceu até ao ano 332 da presente era, ainda que algumas vezes o lugar do testemunho tenham sido cruzes e arenas...



E havia problemas antes disso? Sim, sempre houve muitos problemas!



Quem conhece a História sabe deles. E quem lê os textos produzidos nos dois primeiros séculos, sabe da quantidade de dificuldades internas que os vários grupos cristãos tiveram. Todavia, tais problemas não foram problemas reais enquanto o sentido de “irmandade na Graça” esteve presente.



Não foi a perfeição da Igreja que abalou o Império Romano. Foi a sua perfeita-imperfeição; ou seja: sua humanidade vivida sob a graça; e que falava da Boa Nova em Jesus, não nela mesma. Nela havia humildade, serviço, confissão, comunhão e coragem sem empáfia.



Me sinto um bobo escrevendo coisas tão BÁSICAS, mas é que fico assustado quando vejo que os crentes de hoje não têm umbigo; e pensam que estão inventando a “igreja” agora.



E pior: dói-me ver que alguns dizem: “É assim mesmo... temos que nos acostumar... quando é que já foi diferente?”



Bem, foi diferente apenas enquanto todos se sabiam filhos da misericórdia; e buscavam renovar a mente conforme o entendimento na Graça; e que só se manifesta no nível horizontal como amor e simplicidade no trato humano, que acontece naturalmente quando a arrogância dá lugar à gratidão em razão da consciência acerca do perdão recebido.



Jesus não pede perfeição — mesmo quando diz: “Sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai...”—, pois, a única perfeição humana é assumir sua própria imperfeição; e, assim, imitar o Pai, não em sua Perfeita-Perfeição, mas em Sua Graça, que Ele derrama sobre justos em injustos.



A perfeição da Igreja é ser humildemente filha desse Pai que a todos trata com misericórdia!



Quem não for cego, que veja; quem não for surdo, que ouça; quem tiver entendimento, não o feche; e quem tiver sido objeto da Graça, que a sirva aos outros.



Nossa perfeição é a Justiça de Cristo!





Caio

DA IDADE DA PEDRA À IDADE DA CONSCIÊNCIA NA GRAÇA




Quando Paulo se referiu aos de Israel como “tendo zelo de Deus, porém sem entendimento”, ele falava de gente de bom coração, mas que não discerniu o bem.

E é desse tipo de gente que na maioria das vezes a religião está lotada. É gente de coração bom, mas que em razão de uma fé pedrada pela lei, pela moral, pela justiça própria, pelo dever de ser inflexível e sem amor em nome da verdade, se tornou gente da impiedade, mesmo não sendo maus.

É triste constatar que aquilo que deveria ser absolutamente simples e claro, aberto como o horizonte, e imenso como o mar da liberdade, se tornou a loucura e a insanidade que impede homens bons de serem pessoas que façam o bem.

Falo aqui daqueles que crêem em Jesus, ou, pelo menos, dizem crer. Sim, falo dos que dizem que crêem no Evangelho.

Na maioria dos casos, são pessoas boas, mas..., tanto mais quanto se aprofundem nas entranhas daquilo que supostamente carrega ‘o poder do culto a Deus’, mais pedradas vão ficando; e, assim, mais incapacitadas de fazer o bem, puro e simples, elas vão se tornando.

Fizeram o Bom virar Lei. Então, tornaram-se perversos. Assim, não sabem mais fazer o Bem. Portanto, como disse Paulo, “têm zelo de Deus, porém, sem entendimento”.

Desse modo ficamos sabendo que o Bem é fruto antes de tudo de um Entendimento. E o único entendimento que se ajusta em absoluto ao Bem, é o Entendimento conforme a Graça.

Qualquer outro entendimento terá seu limite e sua fixidez. Seja a Lei, seja o Carma, seja a Evolução, seja o Céu, seja o Nirvana; seja pela via da Renuncia, seja pelo Zelo, seja pelas Obras, seja pela Sabedoria, seja como for... Tem o seu limite, que é a própria Disciplina visando o alcance do Supremo.

O limite, portanto, sempre é uma Lei.

E em qualquer Lei há a previsão do que é Bom; nela, porém, não há o poder de realizar o Bem, posto que a vida está cheia de situações nas quais o Bem está para além do Bom, visto que muitas vezes para se atingir o Bem, a Lei não pode se fazer de vigente, em razão de que ela é freqüentemente menor do que as situações da própria vida.

A Lei é o limite... Mas o Bem está para além do limite.

E que Bem é esse que está para além do Bom Geral, que é a Lei?

Ora, a Lei é para todos. Mas o Bem é para indivíduos.

O que realiza o Bem é a justiça conforme o amor, que, segundo Jesus, excede a justiça da religião; ou seja: a justiça dos escribas e fariseus.

A leitura dos Atos de Jesus nos Evangelhos nos mostra o significado de que o Bem está para além da Lei.

O entendimento que é maior que qualquer zelo, é aquele que só tem de fixo, a fluidez do amor. Assim, ele é fixo na total mobilidade da vida, e, por essa razão, se faz aplicar com absoluta propriedade para além de qualquer lei.

É por isso que a Lei é gravada em Pedras. Mas o Amor só pode ser gravado no Coração. Pois a pedra é própria para a Lei, assim como o coração é próprio pro Amor, posto que a pedra é fixa, mas o coração pulsa e bate... e move a vida.

“Eles têm zelo de Deus, porém sem entendimento”—disse Paulo dos judeus amantes da Lei.

Assim, pela antítese, Paulo nos ensina que o verdadeiro amor por Deus é fruto de um entendimento, e, que esse entendimento é o da Graça de Deus, pois, é somente na Graça que a justiça de Deus se revela como amor; o qual é maior que tudo.

“O que quereis que os homens vos façam, isto fazei vós a eles, pois, esta é a lei e os profetas”—disse Jesus.

Para Jesus o entendimento conforme o Evangelho da Graça de Deus era algo que se manifestava na simplicidade desse princípio único, dessa ‘uma só coisa necessária’, e que é maior do que a Lei e os Profetas.

Quem teve a mente convertida a esse princípio, esse obteve o entendimento que se renova na mente, e que produz a verdadeira piedade, a qual, por ser algo de homem para homem (... o que quereis que os homens vos façam, isto fazei vós a eles...), implica em uma crescente manifestação da nossa melhor humanidade; sendo isto mesmo aquilo que nos põe no caminho do varão perfeito, o qual se renova no espírito do seu entendimento sempre; e, assim, vai sendo transformado de glória em glória, conformando-se cada vez mais à imagem do Filho de Deus, Jesus Cristo, o Homem.

Este é o resumo do caminho que nos leva da infância da Lei de Pedra para o Entendimento que é segundo a Lei da Graça.

Esta tem que ser a jornada de todo aquele que deseja amar a Deus com alma e entendimento.

Na Graça o único zelo que se conhece é o zelo da fé que atua pelo amor.



Caio

domingo, 14 de fevereiro de 2010

O deus que não é Deus

Existe um deus que não é Deus. O único com força para enfrentar a Deus. Essse deus não vive em alguma dimensão cósmica ou ponto do universo. Seu oratório é a mente humana. Ele é um deus familiar, pois vive nos espelhos da alma humana. Mesquinho, cobra desempenhos impossíveis. Inclemente, castiga as inadequações dos fracos com fúria. Ofendido por uma pessoa, dizima gerações inteiras. Imprevisível, age com um humor indetectável.

Existe um deus que não é Deus. Capaz de ofuscar o próprio Deus misturou-se em todas as religiões. Sanguinário, exige sacrifício para estender a sua compaixão. Impassivo, privilegia os eleitos e condena o resto. Indiferente, descarta a prece da criança quando não se encaixa em seus propósitos. Distante, volta as costas para os miseráveis em nome da coerência.

Existe um deus que não é Deus. É possível encontrá-lo nos paços sacerdotais, nas leis canônicas, nas teologias que o sistematizaram. Ele vingou na religião e a cúrias já mapearam as suas ações. Sem bondade, ele defende a virtude. Sem graça, faz apologia da verdade.

Os cristão sabem que ele existe; já provaram o fel de sua justiça na Inquisição. O homem-bomba de hoje testemunha o seu furor para os muçulmanos. Ele aparece em cada campanha de oração pentecostal para mostrar como é difícil ganhar o seu favor.

Existe um deus que não é Deus. Ele é uma divindade que não suporta ver Jesus almoçando com pecadores, bebendo vinho perto de mulheres suspeitas, elogiando pagãos ou prometendo o Paraíso para gatunos. Esse deus precisa desaparecer, pois é um ídolo malvado. E só com a sua morte nascerá o Salvador.


Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim

A GENTE SE ACOSTUMA


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Texto de Marina Colassanti

RESTITUI...




Restitui... eu quero de volta ao que é meu...
O que realmente é meu?

Havia um homem, na terra de Uz, chamado Jó. Homem fiel e temente a Deus, íntegro em todos os seus caminhos...

Um belo dia (belo pra quem conta a história, nunca pra quem a vive), Jó recebe uma notícia, uma não... várias... ele perdera tudo, todos os seus bens e o pior, todos os seus filhos. Amargurado, triste, arrasado (imaginem um pai perder num só dia seus dez filhos), impregnado pela dureza que a vida lhe impusera naquele momento, Jó ergue-se do chão, levanta a voz e canta ao Senhor:

" - Restitui... eu quero de volta o que é meu!!"

Você e eu sabemos que não foi isso o que aconteceu, mas é sobre isso que eu quero falar... sobre essa onda de "restituição" que mais uma vez é trazida pelos "levitas" que nunca levitaram, nem levitarão, mas causam sempre grande confusão em nosso meio já tão confuso.

Vivemos pela graça. Graça foi, é e sempre será favor imerecido. TUDO o que recebemos das mãos de Deus é graça. Não temos direito a nada. Quando a Bíblia fala de sermos co-herdeiros com Cristo não está falando de coisas deste mundo, mas da glória que em nós há de ser revelada no dia de Cristo Jesus. Jó parecia entender isso desde o Antigo Testamento, ou seja, no início de tudo (segundo alguns estudiosos Jó é o livro mais antigo da Bíblia) já havia a noção da graça, que hoje tenta ser anulada pelos apaixonados extravagantes re-judaizantes.

A idéia de termos “direitos” diante de Deus é egoísta, hedonista e humanista. O pior de tudo isso é que os defensores das idéias restitucionais ( que são os mesmos que reinvindicam, tomam posse, conquistam cidades profeticamente, etc...) dizem que os anos que nos foram roubados pelo INIMIGO, as coisas que nos foram tiradas pelo INIMIGO, os estragos feitos pelo INIMIGO vão ser restituídos pelas mãos de Deus, e utilizam-se de textos bíblicos sem o menor fundamento.
Senão vejamos: o texto bíblico mais utilizado para defender a idéia de restituição é Joel 2.25 (“Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o MEU grande exército que EU ENVIEI contra vós outros”).

Entenderam ? Não foi o diabo que fez o estrago da vida de Israel. Foi Deus mesmo quem mandou os gafanhotos e só ELE é capaz de restituir o que ELE mesmo tirou. E mais... ele o faz porque quer e não por obrigação nenhuma. Às vezes é o próprio Deus quem nos tira tudo para aprendermos lições que nos servirão por toda a vida. Portanto, tenhamos o maior cuidado ao estarmos atribuindo ao diabo uma obra de Deus.

Fora isso, a idéia de restituição como direito (eu quero de volta o que é MEU) anula a graça. O que é a graça, senão recebermos de Deus tudo aquilo que não merecemos, que não nos pertence e que nos é dado gratuitamente por aquele que é Senhor de tudo e de todos ? Quando eu acho que sou dono das minhas coisas e que tenho "direito" sobre elas, automaticamente excluo o verdadeiro dono. Ninguém pode servir a dois senhores. Ou Deus é o dono de minha vida e por conseqüência dono de tudo o que me é dado, ou EU sou o dono de tudo e aí sim, sirvo a mim mesmo, tendo direitos exclusivos sobre aquilo que é “meu”.

Mas e os estragos feitos em nossa vida realmente pelo inimigo ? Deus não restitui ? Sinceramente, creio que não!! Deus faz tudo novo!! Ele não está disposto a remendar vidas, ele as faz novamente. Não recebemos uma “lanternagem espiritual” nova, recebemos nova natureza. O que o diabo fez no passado... fica no passado... “eis que faço NOVAS todas as coisas”, pois quem está em Cristo, “NOVA criatura é, as coisas VELHAS, já PASSARAM, eis que tudo se faz NOVO”. Lembro-me do vaso nas mãos do oleiro. Ele não remendou o vaso, não colou com super-bonder ou durepox. Ele quebrou e tornou a fazer de novo...

Não há restituição, há nova vida, tudo NOVO.
Não há restituição, há nova vida, tudo NOVO. Não há remendos feitos por Deus, há cura integral e perdão total. Há novo nascimento, novidade de vida.

Quando entendemos isso, entendemos até as perdas que temos que enfrentar, sabedores de que Deus é soberano sobre nossas vidas e é ele quem nos dá o que quiser, a hora que quiser, para cumprir o seu propósito. Quando percebermos essa verdade, e só então, poderemos dizer como Jó: “O SENHOR deu e o SENHOR tomou; bendito seja o nome do SENHOR!


Nele, que faz tudo novo,

José Barbosa Junior - Crer e Pensar - www.crerepensar.com.br

A GENTE TROPEÇA NA VONTADE DE DEUS...

Confie e faça de todo o coração o que lhe vier às mãos para fazer...

A GENTE TROPEÇA NA VONTADE DE DEUS QUANDO A FICA BUSCANDO!



Eu fico aqui dizendo que a moçada tem que pular de cabeça, e tem gente que pensa que é uma recomendação ao suicídio.


Ora, não é de suicídio que estou falando. Não é convite a se pular de cabeça na morte, mas sim para se mergulhar sem medo na vida.


A questão é que todo mundo fica procurando saber qual é a vontade de Deus e nunca entende que a vontade de Deus só se apresenta na existência.


Deus não tem uma vontade para ser conhecida na minha vida que não seja na própria vida, no próprio ato de existir.


É por esta razão que o Evangelho é uma narrativa da vida de Jesus e daqueles que com Ele andaram no Caminho.


Ou seja: Jesus está dizendo que o guia da jornada é a vida. No Caminho a gente tem que viver, pois é na existência que iremos conhecer a Verdade de Deus como Vida.


E tanto melhor será quanto mais vivamos a nós mesmos Nele!


Ora, se é assim, minha própria maneira de ler o Evangelho muda completamente. Eu o leio não como quem o olha a fim de saber como foi, mas sim de saber como é.


O Evangelho é apenas narrativa da vida com Jesus, e de tudo o que nela pôde acontecer, e de como temos que enxergar cada coisa ali como modo de Deus tratar a vida e ao mundo. Ou seja: do mesmo modo como Jesus tratou as questões da existência.


Neste sentido, por exemplo, os apóstolos de Jesus tiveram muito mais importância para mim como agentes históricos das narrativas do Evangelho do que nas coisas que escreveram.


Sinceramente eu posso viver sem a 1ª e a 2ª Epístola de Pedro, mas me seria muito difícil entender a Graça de Deus sem que no Evangelho existisse um Pedro.


Em outras palavras: é no fato de Pedro ser apenas Pedro que ele é mais apóstolo do que quando ele é São Pedro.


O Pedro das epístolas é um homem piedoso. Mas o Pedro das narrativas do evangelho é um homem fazendo a revelação das próprias vísceras.


Alias, após um certo tempo, os apóstolos perderam bastante a relevância na continuidade prática do processo. A maioria ficou por Jerusalém, e uns poucos se espalharam. Mas é de Paulo que vem o impacto que choca o mundo.


E mais: São Pedro tinha muito pouco a dizer a Paulo. O Homem Pedro, do Evangelho, todavia, tinha muito o que revelar em sua própria vida acerca da Graça de Jesus. O respeito de Paulo por Pedro vinha muito mais do fato de Pedro ter sido Pedro do que de ter sido feito apóstolo. Ou seja: a reverência vinha da caminhada deles com Jesus, na qual eles tiveram de tudo, e viram como Jesus lidou com tudo. Dali é que vinha o melhor ensino que tinham a dar. Suas experiências com Jesus eram a fonte do ensino.


Assim, para mim, fica tudo muito mais simples. E minha leitura do Evangelho me remete não para eles, mas para mim mesmo; não para o Passado, mas para Hoje; não para a busca do conhecimento abstrato da vontade de Deus, mas para o encontro dela, sem medo, na existência.


Quando perguntaram a Jesus: “Quem é o meu próximo?” Ele respondeu com uma história da vida. E disse que a vontade de Deus a gente vê todos os dias, a gente tropeça nela, ela quase nos assalta, ou nos assalta; ela pode fazer a gente atrasar um negócio a fim de ajudar um estranho. Quem sabe?


Portanto, não pule no precipício, mas se jogue de cabeça na vida no Caminho. E faça isto sem medo, pois Aquele que Manda, é também o mesmo que Socorre!


“Se és tu, Senhor, ‘manda-me ir’ ter contigo andando por sobre as águas”. Ao que Jesus lhe disse: “Vem!”. E Pedro andou sobre as águas e foi ter com Jesus. Reparando, porém, na força do vento e das ondas, teve medo, e começou a afundar. Então clamou: “Ajuda-me, Senhor!”. E Jesus prontamente ‘o ergueu’, e lhe disse: “Homem de pequena fé, por que duvidaste? E entraram no barco.


Assim, Aquele que diz “Vem”, é o mesmo que “estende a mão e ergue” quando é necessário. Pode haver o risco porque não há risco. Se Ele diz “Vem”, eu posso até duvidar no meio do caminho, mas Ele estará sempre no meu caminho, mesmo que sobre as águas.


Vá com Ele e tudo estará bem!


Portanto, a questão não está entre abrir uma nova igreja ou aceitar o pastorado de uma existente. De fato o que importa é “como” você aceita os desafios. É o nosso modo de caminhar que faz o caminho.


Jesus disse que todo aquele que não quiser saber a vontade do Pai, mas sim desejar fazê-la, esse a encontrará. Portanto, não se preocupe com o dinheiro, e sim com seu coração. De dinheiro você sempre precisará, e o Pai sempre o socorrerá. Por isto, siga o vento, e abra as velas com bom senso e amor, e deixe o caminho com Ele.


Confiar em Deus não é saber onde se está indo, mas significa ir sem saber onde se está indo, como foi com Abraão.


Confie e faça de todo o coração o que lhe vier às mãos para fazer, e deixe que se a Vontade é de Deus, você não tem que descobri-la, pois Ele mesmo colocará você nela. Apenas ande com fé e em amor. O resto, saiba, Deus faz, pois Ele é Deus, e tanto tem vontade quanto sabe como manifestá-la a Seus filhos.


Da Vontade de Deus, Deus mesmo cuida. Quanto a você, viva buscando o que é bom e faz bem a você e aos outros, e não se preocupe, pois “mais Ele fará”.


Um beijo carinhoso!


Nele, em Quem já se está no Caminho,


Caio