A caminhada continua...

Em breve novo local e horario das reuniões, todos desde ja são bem vindos, aguardem...

O que é o Caminho?

O Caminho é mais que um lugar ou um clube de iluminados. Trata-se de um movimento de subversão do Reino de Deus na Terra. Clique aqui

terça-feira, 9 de agosto de 2011

VOCÊ ESTÁ DESVIADO?




O Caminho de Deus em nós vai do pesado para o essencial. Vai da total dependência a outros até que se chegue apenas à total dependência de Deus!


Nascemos e somos completamente dependentes de cuidados de outros. Nossos pais e ou nossos guardiões nos são essenciais. Sem eles não sobrevivemos. No entanto, chega a hora em que ficarmos menos e menos dependente dele será a nossa saúde e salvação nesta existência. Enquanto moramos com eles ou somos por eles sustentados, temos que lhes ser dependentes, pelo menos no que diz respeito às decisões que pretendemos tomar na vida. Entretanto, vem a hora quando a saúde de ser nos compele a vivermos de nosso próprio sustento, e, além disso, impõem-se a necessidade de termos nossa própria casa e família. Então, deixamos pai e mãe, nos unimos a um outro, e fazemo-nos com ele ou ela uma só carne.

Com Deus é assim também. No início precisamos de muitos ajudadores espirituais. Sem eles somos como recém-nascidos indefesos neste mundo. Necessitamos que nos sirvam o genuíno leite espiritual. Chega a hora, todavia, que se espera que cada um cresça o suficiente para não mais dependermos de outros, mas apenas os reconhecermos como família espiritual, embora nossa vida seja vivida para além da necessidade de que outros nos sirvam. De fato, instala-se em nós outra a necessidade, que é a de servi-los.

Na viagem espiritual nascemos de Deus, mas precisamos muitos dos nossos guias e ajudadores na fé. Depois, no entanto, se espera que cada um cresça a fim de andar com as próprias pernas como resultado de nosso vínculo adulto com Deus na fé.

Daí em diante nossa relação com nossos pais espirituais passa a ser de carinho, gratidão e reverencia, mas já não de dependência. O mesmo se diz dos demais irmãos. Sim, os amamos e gostamos de com eles estar, mas já não por dependência. Surge apenas a alegria de amá-los e de servi-los. Todavia, já não necessitamos de ninguém para que sobrevivamos, talvez, exceto, no meio de uma grande crise ou calamidade. Espera-se que cada um aprenda a cuidar de si mesmo e de outros. E também espera-se que tenha na maturidade de seu casamento com Deus a sua própria segurança no caminhar.

Esse é o caminho para a maturidade tanto humana quanto espiritual!

Todavia, na maioria dos casos não é assim. E a razão é que “nossos pais”, no caso a “igreja”, nos “educam” para que j amais tenhamos tal autodeterminação em Deus. Desse modo, não somos educados para a vida, mas para a “igreja”. Daí a “igreja” criar eternos dependentes de si mesma, visto que pretende que seus “filhos” vivam sob suas asas; e mais: que a sirvam como filhos/escravos até ao fim da vida.

Seria e é [...] como se cada crente fosse e seja [...] como um adulto na idade, mas que vive com a atitude emocional de um bebê. Nesse caso, se qualquer coisa acontece [e acontece o tempo todo], a pessoa morre; posto que nunca aprendeu a viver de Deus e com Deus!

A “igreja” não quer que seus filhos se tornem adultos filhos de Deus!

Na realidade, a “igreja” cria filhos para ela mesma, não para Deus e nem para a vida. E, por esta razão, os filhos da “igreja” têm nela o seu “Deus”; e, nesse caso, jamais crescem para deixar pai e mãe, quando a idade chega, a fim de viver a vida com outra consciência.

É também por esta razão que os “crentes” vivem sem Deus no mundo o tempo todo; posto que a “igreja” [ou mesmo a Igreja], não seja Deus, mas apenas a família da fé.

Por esta razão, quando alguém se decepciona com “a família”, desvia-se de Deus; posto que para o crente a “igreja” é um “Deus”. É também por esta razão que todo crente que não esteja na “igreja” [por qualquer que seja a razão], sente-se desviado de Deus, além de que se declara que ele está de fato “afastado de Deus” em razão de não estar frequentando as reuniões “de família”, ainda que “família” seja louca ou totalmente tirânica e adoecida.

A verdadeira Igreja tem que ser como pais bons e conscientes que criam filhos para a vida em Deus!

Mas, infelizmente, não é assim na maioria dos casos. Afinal, o Cristianismo, em qualquer de suas versões, é Católico/Constantiniano, posto que ensine que “fora da igreja não há salvação”.

O problema é que muitos não têm essa compreensão, e, quando enxergam as “loucuras da família” afastam-se do convívio humano adoecido, não buscam mais nenhuma outra comunhão humana, e, no processo sentem-se separados de Deus para sempre!

Cada um de nós precisa de comunhão humana, tanto quanto se precisa de vínculos familiares. No entanto, mesmo que os nossos pais nos abandonem ou nos traiam, diz o Senhor: “Eu te acolherei!”

Mais uma coisa: todos os que assim discernem a vida em Deus, nunca ficam órfãos de irmãos!

Pense nisso, cresça e deixe a sua orfandade!

Nosso Pai tem muitos filhos!

Nele, que nunca nos deixa órfãos,

Caio

quinta-feira, 2 de junho de 2011

SEM MINISTÉRIO, SEM PROJETOS, SEM ESTRATAGEMAS, APENAS NO CAMINHO






Carlos Bregantim
Perguntam-me sempre sobre "MEU MINISTÉRIO, MEUS PROJETOS, MINHA VISÃO, MINHA MISSÃO, MINHA ESTRATÉGIA", e por aí vai.

Houve um tempo em que me afligia quando me perguntavam: "ONDE VOCÊ ESTARÁ DAQUI A 10 ANOS?", OU "O QUE VOCÊ ESTARÁ FAZENDO?", OU "O QUE DIRÃO A SEU RESPEITO QUANDO VOCÊ MORRER?"

Hoje, apenas respondo que estou no Caminho. Quando digo que estou no Caminho, não digo que estou num movimento histórico chamado Caminho da Graça. Digo que estou no Caminho.

O Caminho que é uma Pessoa, que tem um Nome, e seu Nome é Jesus de Nazaré, o Cristo de Deus.

Embora faça parte com muita alegria deste movimento, junto com outros caminhantes, mas, o que me da prazer é estar no Caminho.

Por estar no Caminho, tenho aprendido que devo entregar o MEU CAMINHO àquEle que é o Caminho e apenas caminhar.

Caminhar lidando com tudo que vai acontecendo no caminho, na certeza que, estando MEU CAMINHO nas mãos do Caminho, tudo acontecerá na medida e na proporção do interesse daquEle que é tudo o tempo todo.

Não preciso responder nada sobre resultados, estatísticas, prazos, cronogramas, estratégias, organização ou estrutura, pois tudo no caminho que está nas mãos do Caminho acontece para o bem daqueles que amam o Caminho.

Agora também me perguntam como vai o Caminho. Digo sempre que o Caminho não poderia estar melhor.

"Mas, e o Caminho da Graça, como está?", perguntam outros. Eu digo que está onde sempre esteve e estará, isto é, no coração daqueles que creem no Caminho e a Ele se entregam de maneira irrestrita, e passam a viver para servir a Deus e às pesoas.

Perguntam então sobre o MEU CAMINHO, e respondo também que não poderia estar melhor, pois está nas mãos do Caminho.

Isto não implica dizer que "TUDO ESTÁ BEM", até porque a vida não é assim pra ninguém. Ninguém tem tudo que quer o tempo todo.

Implica dizer como o Paulo, apóstolo, "APRENDI A ME ADAPTAR A TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS", de modo que, independentemente do curso das coisas, das alegrias e tristezas, vitórias ou derrotas, os solavancos da vida, e tudo que é inerente ao existir nesta dimensão da eternidade, digo: ESTOU BEM.

Estou bem hoje. É o que basta.

Tenho para o dia de hoje. Isto é bom.

É assim que tem sido. É assim que desejo que continue sendo.

Estou no Caminho da Graça que está nas mãos do Caminho e, em qualquer lugar, qualquer dia e hora e com algumas ou muitas pessoas, o que vale é o que o Caminho tem sido em nós e o quanto nós estamos sendo no Caminho de modo que muitos vejam e encontrem o Caminho, a Verdade e a Vida.

Nos vemos no caminho e o Caminho nos vê a todos.

Enquanto movimento, também podemos nos ver no Caminho da Graça em vários lugares, dias e horários por este Brasil a fora. Clique no link a seguir e veja se há algum grupo perto de você. (http://caiofabio.net/conteudonews.asp?codigo=6)

Graça, paz & todo bem da parte do Caminho a você e sua casa.
Bjs.  

quinta-feira, 19 de maio de 2011

SEM CRUZ NÃO APARECE O EU-REAL JAMAIS…





Quando me referi ao fato de que o negar-se a si-mesmo é o processo que nos introduz no caminho que conduz ao eu-puro, não aludia a qualquer viagem que não seja no Evangelho e conforme o Evangelho; ou seja: não propunha nenhum caminho filosófico, nem psicológico a serem adotados [daí ter feito questão de diferenciar as coisas em relação a Jung, quanto ao Self]; e, nem tampouco, recorria a qualquer “terminologia” por empréstimo, seja de algum teólogo, filosofo ou fundador de caminho espiritual, como seria normal nos ensinos budistas; embora que, neste último caso, o eu-puro seria a iluminação final quando acontecesse o eu-nenhum.


Afinal, no Eu Sou todos os Eus Serão!

Sim! Todos os que desejarem a verdade em espírito e o espírito em verdade.

Jesus diz Eu com toda alegria.

O Eu, para Ele, é o que decorre do dom de vida consciente conforme a consciência em amor; dom dado por Aquele que diz Eu Sou.

Entretanto, para Jesus, dizer “eu” não significava ter um eu-real ou em processo de se tornar.

Por isto Jesus insiste em que há uma vida a perder [o si-mesmo] a fim de que se alcance a vida que é vida segundo Deus.

E mais:

Ele se refere ao “si mesmo” como algo que eu tenho que negar a fim de levar à cruz como decisão livre e consciente.

Paulo fala de um interior dividido em Romanos 7.

Esta é a psicose básica de todos os humanos.

Outra imagem usada por Paulo é a luta da carne contra o espírito.

Ora, a carne — com suas pulsões, paixões, obsessões, fixações, devaneios, pré-concepções, morais, éticas, cultura, comportamento assimilado, transferência de princípios nem sempre de vida, orgulho, vaidade, soberba, arrogância, imagem, reputação, gestão de impressões, angustia por ser um ser conforme a definição de ser dada por outros [o mundo]; e, sobretudo, de ser bem sucedido — é o bicho em guerra contra o eu-real, o qual deseja e se satisfaz apenas em e de Deus.

O eu-real é espírito.

Em I Corintios 2-3 Paulo apresenta o quadro do homem natural ou psíquico ou almático, em contra partida ao que seja o homem espiritual ou pneumático. E para ele não há duvida de que o homem natural é um ser pulsante em alma, mas não em espírito, menos ainda em verdade.

Entre ambos aparece o discípulo em processo..., porém, em estado de negação do eu, não do “si-mesmo”.

Trata-se do homem carnal, conforme ele chama a maioria dos discípulos de Corinto.

O homem carnal é esse ser no limbo, como no limbo está a maioria dos discípulos: entre o desejo espiritual e a pulsão natural; que é o que produz o homem carnal.

Ele nem opta pela vida no espírito, em um processo permanente, dia a dia, sempre, sempre se renovando, sempre não se conformando com os padrões do Si Mesmo Coletivo — nem tampouco se entrega ao existir por mera pulsão. De fato ele seleciona algumas pulsões para coibir e outras para indulgir, mas segue sempre entre ser e não ser; o que realiza o que não é.

Por isto o homem carnal fala de amor, mas vive de paixões; anuncia a graça, mas existe para fazer contas; diz que cumpre a Lei, embora seu interior seja perverso em todos os sentidos; proclama a paz, mas se alimenta de intrigas e antipatias; diz que foi salvo pela Cruz, mas prefere que o eu seja o si-mesmo e que o si-mesmo seja o eu dele, pois, de fato, não quer negar-se a si mesmo, e, assim, tomar a cruz do existir em perdão [“Eles não sabem o que fazem”], em misericórdia [“Hoje mesmo estarás no Paraíso], em humanidade sincera [“Tenho sede”], em amor pelos Seus [“Eis aí teu filho! Eis aí tua mãe], em amor por Deus contra toda razão [“Por que me desamparaste?], em certeza de paz porque já está tudo resolvido para sempre [“Está Consumado”], e, sobretudo, sabendo que o caminho da cruz leva o eu para as mãos do Pai: “Nas tuas mãos entrego o meu espírito”.

Este é o caminho humano do tomar a cruz, dia a dia, e andar após Jesus, seguindo-o... Como disse Pedro, fazendo das afrontas do existir o ambiente de negação do si-mesmo e de afirmação do eu-real, que somente se converte no que seja o seu chamado para ser se andar no caminho da cruz.

O Eu Real e Puro somente existe como decorrência do viver na Cruz. Entretanto, somente será o que pela fé já é, quando o processo terminar, quando este corpo de morte for absorvido pela vida; pelo eu que é segundo Cristo.

Neste mundo caído, sendo eu um ser caído, é assim que tenho de me tratar a fim de andar no caminho de Jesus.

Somente assim posso ser discípulo de Seus passos e de Seu ser.

Afinal, o chamado é para que eu me torne como Ele é!

Nele, que não é N’algo, posto que É,

domingo, 10 de abril de 2011

DESACATO A JESUS





Eles falam o quê?


Jesus já havia sido profetizado para o desprezo, o descaso, a aparência que não era levada à sério, para a ausência de formosura em relação aos padrões estéticos das normas vigentes, e para não ser reconhecido pelos Seus, à ponto de ser contado com os malfeitores, e executado entre malditos.

Seu nascimento carrega o brilho da estrela e o reluzir das espadas assassinas dos soldados de Herodes, o Grande, e que brilhavam malévolas nos becos de Belém.

Simeão de antemão preveniu a Maria. O menino seria objeto de contradição. Ou seja: da mesma pessoa se diria aquilo que era diametralmente oposto.

A vida terrena de Jesus demonstrou a exatidão dos vaticínios.

Ameaçado de apedrejamento Ele terminou Sua primeira pregação formal, na sinagoga de Jerusalém.

Daí em diante o Evangelho nos deixa ver como a Palavra foi humilhada pelo reino das aparências, dos interesses, das inseguranças, das invejas, das cobiças, das antipatias gratuitas, e dos ciúmes.

A crucificação aconteceu no final da vida cronológica de Jesus, mas foi a Cruz que Ele carregou o tempo todo.

As ameaças foram variadas, mas todas terminavam em previsões de morte.

O que muito me intriga, no entanto, é a freqüente tentativa dos seus opositores de tentar colar algum “rotulo” Nele.

Começaram de leve...

“De Nazaré pode proceder alguma coisa boa?“—disseram os mais teologicamente refinados, porém preconceituosos.

“Ele nunca estudou. Como sabe essas coisas?”—questionavam os doutos e letrados, com a reprovação que não sabe esconder a maravilha de verem se derramando Dele a sabedoria que eles não podiam negar, e nem aceitar por puro orgulho.

Mas com o passar dos dias, à medida que a Graça se derramava; e multidões afluíam; e milagres e maravilhas eram realizados; enquanto todos se mostravam embevecidos e extasiados com a Sua Palavra, o nível das agressões foi baixando e baixando...

Eles estavam em estado de desespero, e não sabiam como esconder a raiva e a inveja.

A raiva e a inveja sempre se manifestam diante da Graça, assim como o ódio de Sallieri se manifestou ante os talentos de Mozart, a quem este amava odiosamente, admirava raivosamente, e adorava excomungantemente.

“É pelo poder de Belzebu, o maiorial dos demônios que ele expulsa demônios”—diziam os medíocres e enciumados, ante a iminência de haver a quebra do poder que antes eles detinham sobre as fracas mentes que até então os rodeavam com medo e sob tirania.

“Está louco”—Ele ouviu até de Seus próprios familiares, porque não tinha tempo a perder.

“És samaritano e tens demônio!”—afirmaram os preconceituosos sobrenaturalistas e místicos da religião conservadora.

“Glutão, bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores”—garantiam acerca Dele os puritanos.

“Ele tem a intenção de se suicidar”—inferiram alguns de linha mais subjetivista.

“Este blasfema!”—acusaram os mestres das doutrinas.

E após a Sua morte Ele ainda foi chamado da seguinte forma:

“Aquele embusteiro, enquanto vivia, disse que iria ressuscitar de entre os mortos!”

Assim os religiosos proclamaram a sua própria fé na ressurreição!

Mas Jesus não perdeu tempo com nada disso. Ele não cria que valesse a pena colocar um pano tirado de uma vestimenta nova, e usá-lo para remendar uma veste velha. Ela sabia que a veste nova ficaria esburacada e que o pano antigo não saberia suportar o novo tecido, e se arrebentaria puído.

O mesmo Ele dizia de se tentar colocar vinho novo e odres velhos, e vice versa.

Além de que o odre velho estragaria o sabor do vinho novo, a consistência deste acabaria por rebentar o couro do velho e viciado odre, acostumado que estava a ser portador de um vinho que já virara couro e de um couro que já virara vinho.

E pior: Ele sabia que ninguém haveria de dizer que o Novo era excelente se já estivesse viciado pelos antigos sabores!

Por isso Ele não perdeu tempo. Andou por toda parte e pregou o Reino de Deus.

Ora, aos Seus discípulos, Ele disse:

“Se chamam de Belzebu ao dono da casa, que dirão eles dos servos?”—e assim nos ensina que não deveríamos jamais estranhar o tratamento de rejeição quando a Palavra libertadora do Evangelho viesse a ser anunciada.

“O servo não é maior do que o seu senhor; nem o enviado maior do que aquele que o enviou”—asseverou Ele a fim de ensinar aos filhos da Graça a realidade das respostas que teriam num mundo no qual a Cruz é loucura para os filósofos, e escândalo para os religiosos.

Assim como foi, assim é, e assim será!

Ninguém tem que dizer “amém.”

O problema é que não dá para negar que seja assim.

A lição que Ele nos dá nessa hora é não lançar pérolas aos porcos. Foi por isto que Ele ficou em silencio na frente da autoridade política e da autoridade religiosa em Seu julgamento.

E enquanto a hora não chegava, Ele andava na simplicidade das pombas e com a prudência das serpentes. Não recuou de Seu caminho. Mas muitas vezes se retirou para lugares ermos, e orava.

“Saiamos, pois, a Ele, fora dos portões, levando o Seu vitupério”.

Caio

domingo, 13 de março de 2011

DESISTINDO DO ENGANO DE SER COMO DEUS...





Fp 2: 5-11


“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.”

Este é o mistério de Deus, a suprema loucura, a mais incomunicável de todas as realidades, a mais ensandecida de todas as formas de amor, a mais radical decisão, a mais escandalosa escolha, a mais indecifrável charada para as criaturas: a Encarnação de Deus na condição humana.

O caminho desse Mistério é a única coisa a ser verificável, sem, todavia, se poder compreender o Mistério em-si-mesmo.

Paulo apenas nos faz andar pela escada que desce desde a subsistência em forma de Deus até chegar a obediência até a morte, e morte de Cruz, subsistindo como homem mortal.

Esta é a viagem da Encarnação!

No meio disso tudo o apóstolo nos faz viajar do Cristo eterno, até chegarmos ao Jesus Histórico: “...subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou...”

O que precede a tudo isto é um convite à imitação: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus...”

Sim, trata-se de um convite para que se tenha o mesmo sentimento que houve em Cristo. Ora, esse tal sentimento o fez se esvaziar de si, a fim de poder ficar igual a mim em semelhança humana.

No entanto, os pontos de partida são diferentes entre Ele e eu. Ele subsistia na forma de Deus, e passou a ser reconhecido em figura humana. Esta é uma escada para baixo, do infinito ao finito, do eterno ao temporal, do transcendente ao encarnado, do que é, ao que é forma de...figura de...semelhança de...sempre de homem.

Ora, como posso ter tal sentimento? Será um convite a que me esvazie de minha própria humanidade? E o que sobrará em mim se eu desistir de ser um homem? Será que é o meu esvaziamento como homem o caminho para a minha glória divina? Não seria uma blasfêmia eu pensar que ser humilde seja esvaziar-se da minha humanidade a fim de me tornar divino?

Isto porque o sentimento que houve em Cristo, e que Paulo diz que deve haver em mim, é um escada para baixo, até chegar a mim, no plano do que é humano. Mas para onde mais abaixo de mim eu posso ainda ir, a fim de me tornar alguma coisa?

De fato, o caminho proposto por Paulo, e que toma a Jesus como exemplo a ser seguido, só me serve como exemplo no que tange a meu esvaziamento, a fim de me tornar humilde e obediente. Mas de que devo me esvaziar?

Na realidade o que existe em nós é completamente diferente do que havia no Cristo encarnado em Jesus. Ele se esvaziou de Deus a fim de poder ser homem. E eu? Devo ser menos homem do que já sou a fim de ser humilde e obediente?

Ora, se há algo que pode nos fazer humildes é esvaziarmo-nos da mesma coisa, só que em nós esta coisa é uma presunção, uma síndrome luciferiana, uma arrogância essencial, uma perversão de minha própria natureza e vocação.

De fato tenho que me esvaziar, mas não de minha humanidade, porém de minha presunção de divindade.

Sim, tenho que me esvaziar do pecado de ser um homem que quer subsistir em forma de um deus, e apresentar-se como a figura de uma pequena divindade, tornando-me em semelhança de um deus, buscando ser reconhecido por Deus, anjos, e homens, como se um deus eu fosse.

A espiritualidade dos humanos busca a divindade, não a humanidade!

O orgulho que nos impede de conhecer alguma humildade vem dessa doença!

Minha salvação para a humildade, portanto, vem de esvaziar-me da presunção de ser “como Deus”—antigo engodo da serpente—, e assumir a plenitude de minha própria humanidade.

Sim, eu preciso me esvaziar de minha pseudo-divindade e assumir a minha condição humana, a fim de que Deus me torne obediente até a vida, e a vida que vem da Cruz.

Nesse dia, terei a segurança de ser quem sou, e servirei a Deus e aos homens mediante a humildade que não se esconde atrás de nada. E, assim, Deus me dará o nome que está acima de meu próprio nome—de fato, um novo nome—, e me exaltará não acima de outros nomes, mas no Nome que está acima de todo nome, o Nome de Jesus.

Minha grande exaltação na vida é viver para ser apenas humano, vazio de qualquer outra presunção, visto que eu subsisto como homem arrogantemente pecador, e que sofre da síndrome dos anjos caídos, e que só será em mim curada pela via do meu próprio reconhecimento entre os homens como um ser verdadeiramente humano.

Nesse dia conhecerei a verdadeira humildade, visto que ela começa sua jornada em minha encarnação como homem.

Sim, o convite é para que eu me esvazie do vento de minhas presunções e me deixe reconhecer apenas como um humano que diz:

“Fiel é a Palavra, e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo salvar os pecadores, dos quais eu, entre os humanos, sou o principal”.

O problema é que há daqueles que até na hora da mais visceral confissão de humanidade, ainda assim, a fazem com orgulho.

Eu, todavia, de nada me orgulho, mas apenas me glorio, e me glorio somente no Senhor, que é o único que pode subsistir em forma do que é divino e se esvaziar ao ponto de ser reconhecido como aquele que é humano.

Eu, no entanto, subsisto na forma do que é arrogantemente divino—conforme a tentação do Éden—, e tenho que me esvaziar de tal orgulho enganoso, a fim de ser apenas um homem, e poder ser reconhecido como homem, e como um homem apenas.

Não existe humildade que não faça, forçosamente, essa jornada!

Peço a Deus todos os dias a coragem para fazer essa jornada. Nela está o meu eterno tesouro!

Caio

terça-feira, 1 de março de 2011

EXORCIZANDO AS TREVAS INTERIORES






Paulo disse, escrevendo aos Efésios, que “tudo o que se manifesta é luz”.


Ora, esta afirmação carrega um bem psicológico e espiritual incomparável.

Digo isto porque deixar que o interior se expresse a nós mesmos é o que de melhor podemos fazer por nossas vidas.

Alguém pergunta: por quê?

Ora, esta pergunta é mais que pertinente, e isto por algumas razões bem simples de entender.

Primeiramente porque somos ensinados a esconder, a não deixar que nada se manifesta, visto que é nossa tarefa, como “bons cristãos”, darmos “bom testemunho” mediante um comportamento equilibrado, mesmo que o interior seja mais agitado e revolto que a força do Atlântico quando empurra o Rio Amazonas de volta para seu próprio lugar, depois que as poderosas correntes do rio invadem o oceano.

A segunda razão para não deixarmos que nosso interior se manifeste vem da certeza que se tem do “juízo dos outros” contra o que existe em nós—e que é a mesma coisa que existe em todos—; e, por isto, selamos com selos de medo e vergonha quem somos e o que sentimos, a fim de não sermos condenados pelos outros.

O que as pessoas parecem não saber ou crer é que Jesus disse que aquilo que acontece no interior da casa um dia será gritado da varanda, pois, nada há oculto senão para ser revelado.

Ora, este princípio é inviolável!

E por que tal princípio é inviolável?

Primeiro, porque o interior é vivo e dinâmico e jamais para de crescer.

Ou seja: se algo existe em mim, no meu interior, esse algo continuará a crescer até que venha para o lado de fora, para a luz. Assim, quanto mais eu empurro para dentro aquilo que existe em mim como realidade, mais eu aumento o poder do juízo no dia em que isto que está oculto vier a “gritar do telhado” a fim de se expor como verdade.

Portanto, não há como eu possa selar o meu inconsciente e fazer com que ele se cristalize em obediência às minhas necessidades de conformidade exterior.

Mais cedo ou mais tarde o que é, é...e passa a ser, mesmo contra a minha vontade.

Além disso, à semelhança do Atlântico quando empurra o Rio Amazonas de volta para seu próprio lugar depois que suas correntes invadem o mar, assim também o Inconsciente (Atlântico) empurrará as repressões do consciente (o Rio Amazonas) de volta para seu próprio curso, e força-lo-á a reconhecer a força que emerge do oceano de meu Inconsciente.

Esta é a pororoca da alma, e os resultados podem ser devastadores!

Ora, Paulo disse que uma vez que as coisas que estão dentro—por mais feias que nos pareçam—emergem e aparecem como sinais exteriores, seja pela via do comportamento ou apenas pela via da constatação dos sentimentos e pulsões interiores que em mim existem, então, elas começam a perder a sua força, visto que foram retiradas do ambiente no qual eles se alimentam—as sombras do inconsciente! O caminho para a libertação das trevas é trazê-las para a luz. Ora, a luz é a verdade.

Ou seja: o que nos liberta dessas forças compulsivas do interior é a exposição delas à luz da verdade em minha consciência.

Quando eu não me escondo mais de mim mesmo, e chamo pelo nome aquilo que em mim existe e que eu passo a vida tentando negar a existência, então, estranhamente, aquilo que passa a ser nomeado em mim, perde sua força, visto que sua fonte de energia é a escuridade da negação, e o ambiente do ocultamento culpado.

No entanto, quando abraçamos a verdade, essas sombras são iluminadas pela luz em razão de meu ato de reconhecimento e de não-negação da realidade em mim existente, e, paradoxalmente, perdem seu poder de assombrar, pois agora já não são mais “fantasmas”, mas realidades nomeadas pela luz.

A maioria das pessoas teme tal constatação pelo simples fato de que foram ensinadas que tais coisas precisam ser reprimidas e matadas por nós mesmos e em nós mesmos.

E, assim e desse modo, na tentativa autojustificada de ser santo, eu me torno um tarado, ou um ser compulsivo e cheio de amargura e ódio, visto que nenhuma vida pode receber paz se existe em fuga de seu próprio interior.

Trazer nosso interior à luz não deve ser entendido como trazer nossa estultícia à luz.

Não, não é isto. De fato, o significado de “manifestar” o interior não tem de significar um mergulho de cabeça no mar das nossas compulsões e desejos reprimidos.

Ao contrário. De fato, tem-se que “manifestar” o interior justamente para que ele não se torne nosso “senhor” e nos obrigue, sem escolha, a expor pela pior via o nosso interior como doença do comportamento, e que pode fazer mal não apenas a nós mesmos, mas a muitas outras pessoas.

Trazer nosso interior à luz começa como vontade de não mais fugir de olhar para nós mesmos, e continua mediante a coragem de dar nome às coisas que até então nós chamamos de “nossas virtudes”.

Isto porque, em geral, quando o ser, como um todo, não veio para a luz sem medo, a tentativa da gente é “batizar” nossas doenças com nomes de santidade e virtude. Nesse caso, se alguém desejar saber quais são as suas piores sombras e monstros ocultos no seu ser, basta ver quais são os temas que mais o provocam como raiva e ódio em relação ao comportamento dos outros, visto que, normalmente, odiamos de todo o coração aquilo que mais desejamos, e não fazemos porque nos sentimos impedidos de realizar em razão de nossa própria virtude exterior.

Assim, a virtude autoglorificada é sempre o diagnóstico da treva em nós ocultada!

O caminho, portanto, começa com o exercício de falarmos a verdade com nós mesmos, e pararmos de julgar o próximo com ódio, pois quanto mais negarmos que as mesmas coisas existem em nós, mais odiaremos aqueles nos quais tais coisas se manifestam, e, assim, tanto mais, pela via de nosso próprio ódio, aumentaremos nossa própria escuridade interior, e nossas sombras crescerão sem limites em nós.

Pense nisto!

Caio

domingo, 27 de fevereiro de 2011

“PEDRO, TU ME AMAS?”





Pedro havia negado Jesus três vezes...


No entanto, para Jesus, a questão daquela manhã de sol nascente das alturas na quieta praia de Tiberíades era apenas uma: “Tu me amas?”

Até na hora de lidar com a negação e com a traição, Jesus é completamente diferente de tudo e todos, e completamente coerente com Seu próprio Ser-Ensino.

O Verbo se fez carne, por isso o Ser-Ensino de Jesus são um.

O que diriam as nossas lógicas de amor?

“Se ele amasse, jamais teria feito o que fez”—e, assim, se atribui impecabilidade ao amor humano.

“Ama, mas não tem raízes em si mesmo”—diria a sofisticação psicológica.

“É egoísta demais para amar”—diria uma voz moral piedosa e certa.

“É cedo demais para perdoar você. O que fazes aqui entre os outros?”—diria o Mestre das Disciplinas.

“Nunca mais será a mesma coisa. Como poderei confiar em você outras vez?”—diria a razão mais humana e ressentida.

“Pode ser que ainda dê, um dia... quem sabe? Mas você terá que fazer um longo caminho de volta!”—diria um piedoso e quase esperançoso pastor de almas.

“Já que você insiste, verei do que você é feito. Colocarei um diretor espiritual para supervisionar você”—diria um ser crente na fabricação de caráter e de fidelidade.

“Sinto muito, Pedro, mas já não é possível. Você jogou fora a sua chance, embora eu o tenha advertido várias vezes”—diria a razão fria e justa.

“Você está perdoado, sem ressentimentos, vá em paz; pois não há mais clima para a gente prosseguir”—diria o melhor do homens.

“Logo você, em quem tanto confiei! Como pode fazer isso? Explique-me suas razões”—diria o bondoso justo.

“Meu Deus! E pensar que amei tanto você. Eu sou um santo idiota mesmo!”—diria um Deus com alma de esposa ou de marido.

No entanto, Jesus apenas pergunta: “Tu me amas?”

E com isso Ele admite que o amor peca, trai, nega, se engana, enfraquece, pode ser egoísta, é capaz do impensável, é passível de repetir o mesmo erro, não apenas três vezes, mas até setenta vezes sete.

Jesus não estava buscando perfeição, mas apenas um amor que pudesse ser aperfeiçoado no próprio amor... no Caminho.

“Tu me amas?”—pergunta Ele três vezes.

Ao que Pedro responde, dizendo, humilhadamente, um “sim” cheio de vergonha, e até se sentindo um sem caráter por ainda ter a coragem de confessar amor tendo negado.

Pedro diz “sim, sim, sim”... mas não o faz sem a angústia de quem não quer ser visto como cínico!

Pedro ama. Ama com amor que é dele, com o amor que lutava para ser amor no chão raso de sua alma. Mas era amor, e isso ele não podia negar. Ele admitia que negara Jesus, só não podia admitir que não amava Jesus.

Jesus sabe que às vezes se ama apesar de...

Jesus sabe que o único amor que ama sem nenhum apesar de... é o Seu próprio amor, de mais ninguém.

Jesus ama os nossos amores, apesar de... Pois Ele sabe que quem não ama apesar de... esse deve se oferecer para ser o Salvador dos homens.

“Tu me amas?”

Pedro não tem mais o que dizer. Provar amor? Meu Deus! Levaria o resto de sua vida, e teria que demonstrar isso não apenas com ações, nem com palavras apenas, e, se fosse o caso, deveria provar tal amor com dores de alma até a morte.

Pedro não tem meios de provar nada. Não tem o poder de reverter quadros e nem de apagar memórias. E também não suportaria ficar gemendo o resto da vida num canto de sua casa a fim de provar a Jesus que o amava apesar de...

Provar que se ama pode ser o inferno!

Pedro está perdido. Quem o ajudará? Quem testemunhará em seu favor? Quem terá garantias a oferecer em seu nome? Quem seria o fiador de seu fracassado amor?

A esperança de Pedro quanto a provar a Jesus que ele O amava era o próprio Jesus.

“Senhor, tu sabes todas as coisas... e se as sabes, certamente tu sabes que eu te amo!”

Assim, Pedro não tem argumentos, nem explicações, nem mesmo se oferece para padecer como prova eterna de seu amor ...no inferno do amor...

Pedro não quer o inferno do amor... ele quer ser salvo do inferno de sua alma pelo amor... e só Jesus poderia fazer isso, pois somente Jesus sabia o que existia no coração dele.

Assim, ele está tão certo de sua total incapacidade de vencer os fatos esmagadores com argumentos ou mesmo com penitências, que ele apenas recorre a uma certeza: Jesus conhece meu coração!

“Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que eu te amo!”

Chega uma hora quando todos os argumentos cessam, quando não há explicações a serem dadas, quando toda fala é cinismo, quando todo gesto parece compensatório e auto-justificatório, e quando toda e qualquer promessa de fidelidade e lealdade apenas cerram sobre a alma a porta da masmorra das infindáveis penitências.

Pedro amava, mas não queria que seu amor fosse sepultado vivo na morte!

A resposta de Jesus é de confiança!

Sim, Ele sabe que Pedro o ama apesar de Pedro, de seu egoísmo, de sua vacilação, de sua pusilanimidade, de seus ímpetos inconseqüentes, de suas coragens pouco resistentes, de seus vícios de fuga...

“Pastoreia as minhas ovelhas... os meus cordeirinhos... esse povo que me ama como tu... que ama e que trai... Tu, que agora sabes quem és, pastoreia nesse amor esses que são como tu mesmo”.

E conclui: “Agora, vem, e segue-me...”

Jesus não bota o amor de castigo, parado no ponto e na esquina da negação, frizado na vitrine do espetáculo da fraqueza, preso para sempre aos seus próprios pecados.

Jesus sabe que a cura para a traição e a fraqueza só acontece no caminho, enquanto se O segue, e no chão da vida, onde o amor terá a chance de ser amor, e não negação.

Trai-se na vida. Ama-se na Vida. Nega-se na vida. Se é curado na Vida. Somente na vida o que é, é; e pode se manifestar!

Sem que seja assim o que resta é deixar Pedro em Tiberíades para sempre, envolto nas malhas de suas angústias, pescando os peixes que fogem dele, existindo numa seqüência de dias que já lhe são o próprio inferno.
Nossa salvação é uma só: O Senhor sabe todas as coisas, e quem sabe que ama apesar de... não tem outra chance se não confiar no que Jesus sabe em nós e acerca de nós, pois se o que há em nós é verdade, Ele em nós aproveitará toda verdade de amor para o nosso próprio bem.

Confie. Ele conhece você!

Caio

sábado, 26 de fevereiro de 2011

VOCÊS ESTÃO LIMPOS!





Vós já estais limpos pela Palavra que vos tenho falado” — disse Jesus na noite em que foi abandonado, negado e traído pelos mesmos discípulos que o ouviram dizer isto.


Minha pergunta é: Como? Sim! Como? Limpos? De que modo?

Na mesma noite, quando Ele se aproximava dos pés de Pedro a fim de lavá-los, como já tinha feito a outros discípulos na mesma sala onde estavam reunidos, o amigo pescador Lhe disse: “Tu me lavas os pés a mim? De modo nenhum”.

A resposta de Jesus é outra vez chocante; chocante para quem pensa em impureza, santidade e limpeza com as categorias da perfeição, conforme a religião.

Isto porque esses aos quais Ele diz já estarem limpos, são os mesmos seres humanos cujas manifestações aparecem no Evangelho — gente simples, infantil, mantendo suas próprias disputas de terreno, e almejando proeminência; sem falar na capacidade de desejar fazer fogo do céu para consumir os diferentes, como foi o caso de João em relação aos samaritanos.

Se eu não lavar você, você não tem parte comigo” — disse o Senhor a Pedro.

Então, não somente os pés, mas também a cabeça...” — e tudo o mais...era o desejo dele.

Quem já se banhou não necessita lavar senão os pés” — foi a resposta.

Ora, se aplicarmos os critérios cristãos de santidade e limpeza, nenhuma dessas afirmações finais, consumadas, e definitivas de limpeza e pureza, poderiam ser imputadas a eles. E Pedro sabia disso. Por isto ele quis um banho total.

Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” — era o que Ele dizia.

Minha questão perdura: Como? Sim! Como?

Tal limpeza não era fato antes... e nem seria em algumas poucas horas... quando abandono, negação e traição aconteceriam. Apesar disto Ele os dá como limpos pela Palavra. E diz que no Caminho os irmãos lavam apenas os pés uns dos outros; limpando o pó do chão da jornada, e que se apega aos pés de qualquer um que Caminhe.

Assim, já estou limpo pela Palavra, não porque eu a encarne, mas porque ela se Encarnou toda em meu favor, em Jesus.

Eu creio, e nisto está a minha justiça!

Desse modo, sigo limpo; embora suje os pés na Caminhada.

Esse pó, todavia, não está em mim, mas apenas nos meus pés; tanto quanto não estava mais neles, mas apenas em seus pés...no prosseguimento da jornada.

É por isto que Ele declara limpos os que haveriam de se sujar em algumas horas.

O encantador é que continuaram limpos, mesmo tendo se sujado. E não há palavras no reencontro entre Ele e os sujos... Há, sim, Palavra; mas não há palavras... Há um olhar...há uma pergunta:Tu me amas? O resto é trabalho entre irmãos, lavando os pés uns dos outros; não como quem purifica pecados, mas como quem dá conforto, recebe em casa, e afirma o irmão como irmão, não importando a jornada...

Quem não traiu ou negou!... — fugiu, se escondeu, se omitiu, ou, simplesmente, assumiu a impotência contemplativa... Ou não quis ter que decidir...sem deixar de decidir...

Toda-via...

Entre os cristãos a “cena” de João 13 é vista como uma “lição de humildade”. É por isto que em certos ritos de culto há a cena do lava-pés...

Mas como é fácil lavar os pés dos nossos bispos e autoridades religiosas na hora em que o rito faz da cena uma obra de teatro, e com uma enorme audiência assistindo!

O difícil é lavar os pés em silêncio, sem cena, e sem ser como um rito litúrgico, mas como uma liturgia de vida e de existência...todos os dias.

É obvio que Jesus não está preocupado com os nossos pés, nem com a sujeira do chão do asfalto. O que Ele está ensinando como humildade é o serviço mútuo e constante que um irmão faz ao outro, não com água e tolhas; porém, como Ele o fez: nu, e baixado junto aos pés dos irmãos que se sujaram na jornada; visto que na Caminhada não há ninguém que não suje os pés.

Por isto, ninguém lavou os pés Dele; Ele, porém, lavou os pés de todos.

Vou andar com esta Palavra, forte, serena, consumada, e desafiadora.

Você já está limpo, Caio, pela Palavra que tenho falado a você!” — Ele me garante.

Eu creio Senhor!” — é o que respondo apenas porque creio.

Então, lave os pés aos seus irmãos!...” — Ele me incita outra vez.

Assim, noto que a questão de minha alma muda...

Pergunta: “E se não lavarem os meus pés quando eles se sujarem na Caminhada?”

Resposta: “Haverá sempre alguém para lavar os seus pés enquanto você, mesmo com os pés sujos da jornada, não deixar de lavar os pés dos irmãos”.

Então, peço perdão, pois me lembro que já estou limpo pela Palavra; e que a sujeira da jornada é apenas coisa entre os irmãos, pois, aos olhos Dele, estou limpo de antemão. E todo discípulo Dele também está!

Caio

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A ÁGUA DA ETERNA REALIDADE




A coisa maravilhosa da Água da Vida é que ela põe cada coisa do tamanho de cada coisa. Ela não é a Água da Magia. Ela não é alucinógena. Não é lisérgica. Ela é Água da Vida.

Portanto, quem a bebe continua tendo que ir ao poço de Jacó para pegar água (H2O) todos os dias. E tem que decidir se o “agora marido” é o marido ou não. No entanto, já não esperará do poço de Jacó nada mágico, nem esperará encontrar no peito de um homem, marido ou amante, o refúgio de Deus e a felicidade eterna.

Além disso, quem bebe da Água da Vida fica vendo montanhas apenas como montanhas, e vê a cidade de Jerusalém apenas como uma cidade.

Quem bebeu da Água da Vida já não ama mais pedras e nem se devota a elas. “Nem neste monte e nem em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Deus é espírito, e importa que Seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.

Quem bebeu da Água da Vida sabe que é de Deus que procede a Fonte da Vida, e que as demais necessidades desta existência são apenas o que cada coisa é, e não há mais ilusão acerca do que elas podem nos dar, ou do que delas se deve esperar.

A Água da Vida é a Água da Verdade e da Realidade. E ela carrega em si mesma o que é. Daí quem dela beber ter em si fontes que saltam para a vida eterna. E vai ao poço de Jacó pegar água com contentamento, e ama sem medo e sem engano.

Caio

sábado, 29 de janeiro de 2011

VIVENDO NUMA TERRA SEM “QUASE” NENHUM AMOR





Hoje a noite, não me lembro a razão, Adriana estava falando sobre como seria horrível viver na Terra sem esses que Jesus disse que seriam uns “quase”, uns poucos, em cujos corações o amor não se esfriou e nem esfriará.


Ela saiu do quarto e continuei pensando, e, no processo, associei o que Jesus disse sobre o tema, e o que Paulo afirmou que seriam as características dos homens dos “últimos dias”.

Creio; e para mim é questão de fé e constatação, que a humanidade caminha para uma “quase” auto-extinção; a qual, só não acontecerá totalmente por uma invasão divina no processo histórico; intervenção essa que Jesus chamou de a Vinda do Filho do Homem.

Em meio a tantas coisas ditas por Jesus sobre o assunto, há uma que para mim se torna a mais evidente de todas. Sim, mais que guerras, revoluções, terremotos, calamidades, revolta da natureza; ou os sinais relativos à Israel como nação; — há um sinal supremo, e que é o mais imaterial de todos, porém, também, o mais sensível de todos; o qual, em minha opinião, marca esse “tempo do fim” até mais do que “o sinal da pregação” do evangelho do reino de Deus a todas as nações. Isto porque até esse “sinal da pregação” é totalmente impoderável, apesar da presunção estatística da “igreja” de se pensar como o uníco agente do reino de Deus no mundo; e, portanto, aquele que decide onde estão as geografias da perdição e da salvação no planeta.

Sim, o mais forte de todos os sinais, é forte o suficiente para se fazer sentir em toda a Terra, apesar de ser algo de natureza imaterial.

A Grande Bomba é a morte do amor!

É isto mesmo. Falo da morte do amor; pois Jesus disse que no tempo do fim o amor se esfriaria como conseqüência da proliferação do espírito de iniqüidade.

E Paulo parece estabelecer o sinal mais evidente desse tempo do fim quando também faz questão de dizer que não queria que fossemos ignorantes a respeito de como seriam os homens das últimas gerações. Então faz também descrições do que acontece quando o amor desvanece pela proliferação da maldade.

Desse modo, à semelhança de Jesus, Paulo fala de seres inafetivos, de falta de afeto dos pais pelos filhos e dos filhos pelos pais; afirma que o espírito de competição, inveja, ambição perversa, traição, libertinagem, fundamentalismo, facção, e, sobretudo, a construção de um “Deus” de conveniência — sinais de ausência de amor que estariam e estarão mais que presentes na Terra.

Além disso, Paulo também fala de crenças “religiosas-cristãs”, fundadas na ambição do poder e na manipulação da verdade do Evangelho; todas elas dedicadas à manipulação dos homens também. Desse modo, essa seria a marca suprema desse espírito da última hora: a morte quase total do amor!

Ora, já é isso que se vê em toda parte. Pais esquecem os filhos aos quais geraram e nada sentem. Filhos desconsideram seus pais e se mostram inafetivos. Casamentos se acabam com muita facilidade, pois, terminado o encanto químico, não existe amor para sustentar a vida conjugal. Isto para não se falar na total falta de amor, de entendimento feito do material do amor, e de compaixão, que são os únicos elementos capazes de vencer a perversa vocação da inteligência humana para realizar tudo o que consegue, tanto para o bem como para o mal.

Desse modo se pode dizer que o que vai “quase” acabar o mundo inteiro é a falta de amor; muito mais do que de água, comida e saúde.

“O amor se esfriará de ‘quase’ todos”, disse Jesus.

Ora, não fossem esses “quase”, esses dinossauros do amor, esses sobreviventes das bombas da maldade, e não haveria, já hoje, nada de amor na Terra.

Você já imaginou como será viver num mundo onde os humanos percam sua humanidade essencial, que é o dom da compaixão-justiça?

Sim, como será possível viver num mundo onde não houver mais “quase” nenhum amor, de nenhum tipo, de nenhuma natureza; mas apenas o poder avassalador da maldade e do reino da vontade, do egoísmo e da perversidade que gera perversão?

Simplesmente não é possível haver vida; mas, no máximo, guerra pela sobrevivência!

O mundo ainda sobrevive porque os “quase” ainda são muitos. Porém, em breve, os “quase” serão quase nada mesmo. E, então, nesse tempo, a Terra será o inferno.

Nele, que nos chama à chama do amor que não se apaga,

Caio

DEUS SÓ É BOM SE FOR FIXO!




Quando Jesus disse “Quem me vê a mim, vê o Pai”, acabou todo o trabalho de especulação acerca de Deus; e iniciou-se o caminho do conhecimento de Deus pela via da experiência pessoal do individuo com Jesus; como também se deflagrou, explicitamente, a jornada do conhecimento de Deus pela simples e humana manifestação de Jesus para com todos os tipos de seres humanos.


Olhando Jesus, vejo Deus se relacionando com os seres humanos num mundo não-ideal, ou, caído, como se costuma dizer. Assim, Jesus revela a relação de Deus com a vida conforme os olhos humanos a vêem. E propõe a relação do homem com Deus como amor a Deus que se manifesta de modo humano; amando a Deus no próximo.

Em Jesus, o amor a Deus, se torna algo simples como Ele disse que simples seria ver o Pai: simplesmente olhando para Ele: “Quem me vê a mim, vê o Pai”. Todavia, seguindo o mesmo sentido e qualidade relacional, Jesus disse que se Deus é visto no Filho do Homem, do mesmo modo Deus só é amado no homem.

Desse ponto em diante começa a vida com Deus que se faz marcar pelo “assim como...” Sim, “assim como vos amei, amai-vos uns aos outros”. Ou: “Assim como vos fiz (lavando-lhes os pés)... fazei uns aos outros”. Ou mesmo: “Assim não será entre vós...”, como quando falou que o padrão de liderança entre os discípulos não era pela via do controle, mas do serviço e da doação do ser ao próximo e sem juízo. Ou, então, para não sermos longos demais, como quando disse: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio”.

Desse modo, se substitui toda especulação pelo simples “assim como eu, assim seja com vocês, pois assim é conforme o Pai, o qual é visto em mim; pois eu e Ele somos Um”.

O interessante, entretanto, é que os humanos, que sempre criaram “imagens de escultura” para serem seus deuses, ou que, modernamente, cultuam, por exemplo, a igreja, a religião, gurus, etc..., como verdadeiros deuses —, ficam, entretanto, chocados, quando se diz que a “teologia” acabou, que a filosofia cristã especulativa e grega é uma estultícia, e que em Jesus está tudo...

Sim, Deus aberto, explicito, santamente arreganhado.

Diante disso, questão é: como se pode cultuar uma imagem fixa e criada pelo homem e, ainda assim, ficar escandalizado quando se diz, fundado no fato de que “quem vê o Filho, vê o Pai”, que quem vê Jesus, vê Deus?

A resposta é tão obvia quanto o pecado humano: “Deus de pedra a gente topa, mas vivo e humano-divino, andando e nos chamando a andar, a gente não quer”.

Sim, porque se prefere qualquer coisa fixa, seja um ídolo de barro, pau, pedra, ouro, gesso, bronze, etc; ou seja um “Deus” feito de pacotes de salvação; de unções especiais feitas por homens especiais; ou algo coberto pela aura de uma espiritualidade ativada pela via de um rito, de um culto, de uma oferta, ou de qualquer outra forma de controle e gestão do sagrado — do que simplesmente crer que quem vê Jesus, vê o Pai; e tem tudo.

E por quê será assim tão simples e complicado, tanto para “pagãos” quanto para “cristãos”?

É que essa hiper-simplificação que a encarnação faz de Deus — quem me vê a mim, vê o Pai — não é fixa, porém insuportavelmente livre. E ninguém, de fato, ou quase ninguém, gosta de liberdade; como também não quer ter que possuir uma consciência que tenha que ser exercida o tempo todo, seguindo a simplificação suprema de Deus na Encarnação; a qual é simples, mas é tão livre como o vento que sopra onde quer. E, portanto, demanda a coragem da folhas que apenas se deixam levar... E isto conforme o Evangelho, nas vísceras da existência; e sempre inapelavelmente em Deus e com Deus.

Ao final, em algum momento final de verdade absoluta, todos os humanos vão ter que admitir que amaram muito pouco a liberdade; e, por tal razão, tendo tido tudo para viver livres, sempre criaram álibis para colocarem-se sob novos jugos de escravidão; até mesmo aqueles falados elameadamente como “liberdade”. Jesus disse: “Quem me vê a mim, vê o Pai”.

Mas o problema é que Ele não disse fiquem, mas sigam-me; não disse façamos aqui três tendas, mas afirmou que quem propôs tal coisa não sabia a loucura que pronunciava; não disse fujam do mundo, mas sim vivam nele livres do mal; não propôs nenhuma evasão da realidade, ao contrário, mandou discernir os tempos; não era previsível em nada, exceto em Seu amor e misericórdia; não se impressionava com gente, nem com lisonjas, nem com números, e nem com Seus próprios milagres, ou qualquer milagre, sempre afirmando que o grande milagre era amar apesar de tudo.

Assim, sempre escandalizou quem não deveria se escandalizar; e sempre escandalizou a todos aqueles que achavam que um homem como Ele não se ofereceria para ser amigo deles.

Por esta razão é melhor chamar pau e pedra, e doutrina e dogma, de “Meu Deus”; do que apenas ver o Pai em Jesus, e, sem especulação, ou teologizações, apenas “segui-Lo”.

Por isto, tal percepção é tão danosa aos fazedores de ídolos de latão ou de pacotão de barganhas cristãs com “Deus”, como também o é aos teólogos sofisticados, e, acima de tudo, à religião.

E por quê?

Ora, qual é a diferença entre um fazedor de ídolos de pedra e um fazedor de ídolos de idéias?

Outro dia um “alto clero” evangélico me disse que “a teologia é o estudo de Deus”. Que diferença há entre tal “curso sobre Deus” e um “treinamento” que um artífice de ídolos dá a um novo assistente de oficio? “Quem me vê a mim, vê o Pai” é uma revolução que quase ninguém quer; pois acaba com quase tudo o que foi instituído como divino e sagrado. E isto vai da Macumba à Igreja Evangélica.

Enquanto isto...

Os mercenários, os lobos, ou os doutores de Deus, tentam convencer o povo de que se não forem obedecidos, ou seguidos em suas sabedorias, no primeiro caso haverá maldição; e, no segundo caso, uma viagem sem volta para fora da “sã doutrina”; a qual, só é sã porque é a deles; e eles são os “sãos” que não precisam de médico. Por esta razão, Jesus continuará a ser a manifestação e encarnação do Pai para os cristãos, desde que sempre seja visto pelos olhos mal-intencionados de uns; ou apenas fanaticamente condicionados dos que confessam tudo isto, mas têm pavor que o povo acredite, e não precise mais de suas “sacerdotalidades” a fim de prosseguirem na jornada. “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos!” —advertiu o velho apóstolo João!

Nele, que É Aquele que É,

Caio

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O ALTÍSSIMO DOMINA SOBRE O REINO DOS HOMENS





Há os que conhecem a “Doutrina da Soberania de Deus”; e há aqueles que conhecem o Deus Soberano. Quem conhece a Deus pela “doutrina” acaba não se abrindo para o conhecimento real do Deus Soberano. E por quê? É que toda doutrina estabelece um limite. E para Deus nada é limite; exceto Ele mesmo, em Seu caráter de amor e misericórdia. Mas não há nem “Moral”, nem “Ética”, nem “Humanismo”, nem “Razão”, nem “Ciência”, que sejam limite ao Deus Soberano, visto que somente Ele sabe o que é exercer bondade. Somente Ele vê o todo de tudo.


Tudo é Nele, é Dele, por meio Dele, e para Ele! Isto diz tudo!

Do ponto de vista das imagens bíblicas, poucas ilustram tão bem o significado dessa Saberania, quanto o capítulo 4 de Daniel.

A primeira mensagem que preguei depois que voltei a pregar após o Dilúvio de 98, foi naquele texto. Em Daniel trata-se de uma mensagem do Rei de Babilônia, Nabucodonozor, a todos os povos sob seu governo.

Isto porque sete anos antes ele tivera um sonho. No sonho lhe era mostrado de modo simbólico o que lhe aconteceria. Ele era como uma Arvore Abundante. Mas como se ensoberbecera, Deus o cortaria, e o tiraria do convívio humano por sete anos, pois, muitas eram as suas arrogâncias. A cepa da Arvore, todavia, seria preservada; e, após sete anos, voltaria a dar seu fruto.

Daniel, o profeta, interpretou o sonho; e desejou ao rei que aquilo caísse sobre seus inimigos, e não sobre ele. E disse que se Nabucodonozor se arrependesse, e fosse misericordioso com os pobres e oprimidos, talvez aquele mal fosse contido sobre a sua existência.

Nabucodonozor, todavia, esqueceu-se de tudo, e, um ano depois, falava narcizisticamente de si para si mesmo, dizendo: “Vê! Tu és Magnífico!” Então, um anjo do Senhor tocou nele, e, imediatamente o rei surtou, perdendo a sanidade; e, andando como um bicho, comia grama como os animais que pastam.

Um toque invisível, e o homem mais poderoso da terra fica pastando como um animal. Um toque!

O rei ficou irreconhecível. E dele todos se afastaram. Sua aparência se assemelhava à de uma besta da terra. Até que passaram sete anos, e Nabucodonozor acordou de seu sono. E disse: “O Altíssimo domina sobre o reino dos homens!”

Olhar para o Brasil e para o Planeta Terra, hoje, é ver que o Altíssimo reina sobre o reino dos homens.

Quem poderia imaginar que os senhores da ética e da ação persecutória mais altiva, iriam estar na situação constrangedora na qual se colocaram? E quem diria que os Estados Unidos, que invadem o mundo, não conseguiriam lidar com um vento e uma onda que passaram sobre o sul de sua terra? Quem pensou que veria New Orleans se parecer com Ruanda? E quem poderia prever que as “borboletas do Iraque” haveriam de trazer calamidade sobre o chão do Invasor?

Ah! Eu vi uma mãe iraquiana olhar para o alto e clamar aos céus por justiça! Vi e tremi. Senti que sua oração fora ouvida!

Um vento, uma onda, e uma catástrofe. Um sonho, um pesadelo, um surto, um descontrole...; e um tirano se torna Zé Babão.

E há quem precise ler livros para discernir algo sobre a “Soberania de Deus”. O Deus Soberano age entre nós. Abra os olhos, e veja. E ame a Soberania de Deus.

Conforme ouvi estrondar dias atrás dentro de mim: “Eu sou Mistério! Agrada-te de Mim!”

Nele,

Caio

O ÓDIO E O PECADO DE SER




Odiar é muito difícil.


Pessoalmente, acho que é infinitamente mais fácil cometer uma violência, sair no tapa em razão de um destempero, ir à guerra e matar, do que odiar.

A violência é uma loucura. O ódio é puro estado de loucura! Odiar demanda uma determinada “instalação” na alma que só pode acontecer como semente do mal. O ódio como estado do ser significa que o potencial do amor foi transmudado em seu oposto: o antagonismo total da possibilidade da Graça.

Onde há ódio não há Graça e onde há Graça não há ódio!

Até o ofensor que peca contra o irmão setenta vezes sete é um filho pródigo da Graça, pois, para que alguém se arrependa tantas vezes e peça perdão, tem que pelo menos ter acessos súbitos de percepção do outro ofendido — o que só é possível como Graça! Aquele que tem o dom desse perdão tão freqüente e que perdoa apesar de ser alvejado tão aleatoriamente, é, sem dúvida, filho da mais profunda Graça!

O ódio, todavia, não conhece nem o perdão nem o arrependimento — mesmo que seja como surto. Saul, o perseguidor de Davi, tinha surtos de culpa, não de arrependimento. O publicano que subia ao templo diariamente para pedir perdão a Deus pelos seus pecados, tinha, no mínimo, surtos de autoconsciência, algo longe de ser almejado como estado para o ser — mas que mesmo assim ainda coloca o publicano num estado muito superior de alma em relação a Saul. O publicano tinha surtos de arrependimento. Saul apenas tinha surtos de culpa, e sentia raiva de se sentir culpado, daí odiar cada vez mais intensamente. Afinal, Davi se tornava o culpado de Saul sentir-se culpado de odiá-lo.

Odiar é difícil porque o ódio precisa se instalar como uma espécie de Direito Adquirido contra o ser do outro. E a experiência desse estado implica em algo muito mais profundo do que cometer um pecado. Implica no verdadeiro estado de pecado.

Só o ódio instala o estado de pecado no ser, assim como é no crescimento do amor que a Graça se enraíza como estado cada vez mais profundo do ser. Daí o apóstolo João dizer que aquele que odeia não conhecer a Deus e jamais tê-Lo visto, pois Deus é amor.

Aquele que odeia nunca conheceu o amor. A ira é um acesso. O prolongamento de seu estado dá lugar ao Diabo na medida em que afasta o ser de sua única proteção: o amor. Sem amor todos os flancos estão abertos para o que é mal. Mas com ódio, o mal já tomou posição soberana na alma.

Odiar é difícil também porque torna aquele que se faz capaz desse estado o ser mais cativo de todos. Ninguém é livre para odiar. Quem odeia se torna escravo do ódio. Ora, o ódio tiraniza o ser contra si mesmo, em razão de que o entrega à sua obsessão destrutiva pelo próximo.

Odiar é difícil sobretudo porque aquele que odeia des-existe. Desiste de ser e existe para o não ser, pois existe para não viver, visto que sem amor sobra-nos apenas des-existência. Ora, nesse estado há apenas a morte como cenário para a vida. E a morte nunca embelezou a vida e nem fez ninguém viver, e jamais o fará.

Aquele que odeia a seu irmão traz em si a semente maldita. Assim como aquele que ama a seu irmão carrega no ser a divina semente.

Eu creio no poder devastador do ódio. Há quem o busque e o pratique como Direito Ad-querido. Mas também sei que sua experiência instala o “software” do inferno no “HD” do ser como aplicativo primordial. A máquina psíquica passa a não “rodar” sem esse tal programa. Roda até congelar a existência na des-existência.

Então vem a morte, não daquele a quem se pretende fazer o mal, mas daquele que o intenta. A prolongada intenção de fazer o mal pelo mal pode criar o pior de todos os estados na alma: o da soberania do ódio!

Devo, entretanto, dizer que odiar é difícil apenas para aquele que vê o ódio como o pecado contra o ser. Quem se ama não consegue odiar, assim como também não consegue não amar de alguma forma o seu irmão — mesmo que seja como expressão da misericórdia que chega como um relâmpago iluminando a noite da vingança.

O amor é o único Dogma Existencial estabelecido por Jesus. Daí, na mesma medida, o ódio ser a maior blasfêmia.

O amor cobre multidão de pecados. O ódio tenta esconder-se des-cobrindo pecados existentes e até fabricados contra o próximo. Por isso aquele que ama vive com uma esperança redentora e aquele que odeia existe movido pelas pulsões da destruição.

O ódio paralisa tudo: interrompe orações e nega a Deus, pois Deus é amor. E quem pode viver sem amor? Só conheci até hoje "existências" nesse estado, mas nunca vi vida em tais existências.

Odiar é difícil porque remete a vida para a morte. E quem consegue viver se já está morto?

Perdão aos que pensam diferente, mas para mim simplesmente não dá.

Nele,

Caio